quinta, 10 de abril de 2025
quinta, 10 de abril de 2025
Cabo Frio
28°C
Magnauto
Park Lagos mobile
CALAMIDADE

Após decretar calamidade financeira, prefeito de Cabo Frio recorre ao governo do Estado

Em reunião com a secretária estadual de Saúde no fim da tarde desta segunda (6), Serginho conseguiu liberação de verbas para reestruturar da saúde

06 janeiro 2025 - 23h17Por Cristiane Zotich
Após decretar calamidade financeira, prefeito de Cabo Frio recorre ao governo do Estado

O prefeito de Cabo Frio, Serginho Azevedo, esteve no Rio de Janeiro no fim da tarde desta segunda (6) para uma reunião emergencial com a secretária Estadual de Saúde, Cláudia Mello. O objetivo foi o de buscar soluções imediatas para os desafios da saúde de Cabo Frio. No encontro, Serginho apresentou as prioridades do município, como a reestruturação de hospitais e a ampliação dos serviços essenciais, além de buscar parceria para enfrentar a calamidade financeira decretada também nesta segunda-feira pelo prefeito cabo-friense. A secretária municipal de Saúde, Bia Trindade, acompanhou Serginho na reunião.

– Fomos recebidos por toda a equipe da Saúde. Falamos sobre os enquadramentos técnicos que não aconteciam em Cabo Frio, e realizamos o resgate de alguns recursos, com repasse estadual para nosso município. Estamos trabalhando para elevar o patamar do atendimento na saúde, mesmo diante dessa calamidade financeira. Nós vamos resolver os problemas da saúde e da questão  financeira de Cabo Frio, só quero pedir que a população tenha um pouco de paciência - informou Serginho.

A reunião já foi parte do desdobramento do Decreto Municipal nº 7.412 (publicado no Diário Oficial desta segunda 6), que decretou Estado de Calamidade Financeira em Cabo Frio. Segundo Serginho, a medida, que tem duração inicial de 180 dias e pode ser prorrogada, foi adotada após se deparar com um cenário orçamentário, financeiro e patrimonial extremamente prejudicado pela administração anterior, da ex-prefeita Magdala Furtado. A prioridade, segundo o novo prefeito cabo-friense, é garantir o pagamento da folha de servidores e a regularização gradativa das obrigações com fornecedores essenciais. Para isso, Serginho determinou a elaboração de um plano emergencial para captação de recursos financeiros, incluindo parcerias com os Governos Estadual e Federal.

De acordo com o Decreto, Cabo Frio acumula uma dívida que ultrapassa R$ 1,23 bilhão. Segundo Serginho, isso representa 84% da receita prevista para 2025, que é de aproximadamente R$ 1,47 bilhão. Entre as dívidas herdadas do  governo anterior, a atual gestão afirmou ter encontrado pendências significativas, como a não quitação das folhas de pagamento de servidores e aposentados referentes a dezembro de 2024 que somam R$ 58,7 milhões. Tem ainda dívidas com empréstimos consignados que foram descontados dos servidores nos últimos meses de 2024, mas não foram repassadas ao banco. Segundo Serginho, o montante ultrapassa o valor de R$ 6 milhões. De acordo com o novo prefeito de Cabo Frio, Magdala também não cumpriu integralmente o pagamento do 13º salário dos servidores, deixando uma dívida de aproximadamente R$ 2,5 milhões para serem pagos pela nova administração, mas sem recursos financeiros em caixa.

Segundo Serginho, a nova administração também foi surpreendida com bloqueios judiciais em contas municipais, incluindo R$ 3 milhões no Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e R$ 3,02 milhões nos repasses de ICMS. Dívidas com fornecedores e concessionárias, como Enel e Prolagos, complicam ainda mais a situação financeira. O prefeito afirmou que a situação pode afetar a continuidade dos serviços essenciais à população.

Para tentar minimizar os impactos dessa grave crise financeira, o Decreto estabelece uma série de medidas excepcionais para reequilibrar as contas públicas e garantir a continuidade dos serviços essenciais. Entre as ações anunciadas por Serginho estão a suspensão de novas despesas que não sejam estritamente essenciais, a revisão imediata de todos os contratos administrativos em vigor, a renegociação de valores ou rescisão, o contingenciamento de recursos orçamentários e financeiros, e a auditoria em todas as dívidas e contratos da administração anterior. Essas ações, de acordo com o prefeito, visam identificar irregularidades e adotar as medidas legais para responsabilização cível, administrativa e penal.

Entre outras medidas importantes do Decreto, estão a suspensão de contratações, com exceção de funções essenciais e imprescindíveis à manutenção das atividades da Prefeitura, e a renegociação de dívidas com fornecedores e prestadores de serviços para alongar prazos de pagamento e obter descontos, com foco na redução do impacto fiscal imediato. Também será reavaliada a continuidade de programas sociais, mantendo apenas aqueles de caráter emergencial e de assistência imediata à população, como atendimentos médicos essenciais e serviços de assistência social. O Decreto ainda prevê corte de gastos operacionais não essenciais, priorizando áreas como saúde, educação e segurança. Também será realizada uma suspensão temporária de benefícios e vantagens não obrigatórios (desde que não afetem direitos adquiridos pelos servidores). 

Outra medida é a autorização para a realização de uma auditoria externa em toda a gestão financeira da administração anterior, com a revisão de contratos, licitações e a identificação de possíveis irregularidades, e a solicitação de investigação por órgãos competentes, como o Tribunal de Contas do Estado. Foi determinada também a formação de uma Comissão de Gestão de Crise Financeira, composta por representantes das Secretarias Municipais de Fazenda, Administração, Planejamento, Controladoria Geral e Procuradoria Geral do Município, com a missão de monitorar as finanças municipais e propor ajustes necessários durante o período de calamidade.

O Decreto também autoriza a Prefeitura a solicitar a prorrogação de prazos de pagamento de encargos fiscais municipais e estaduais, como ISS e ICMS, para aliviar a pressão financeira imediata, além da elaboração de um planejamento estratégico de recuperação fiscal para equilibrar as contas da Prefeitura nos próximos três anos, com previsões de reestruturação da dívida pública e de uma reforma administrativa voltada para a redução de custos operacionais.

Além de publicado no Diário Oficial, o Decreto também foi enviado à Câmara Municipal para acompanhamento. Junto com o documento, Serginho solicitou à Casa Legislativa que tome providências para que o Tribunal de Contas do Estado realize uma auditoria no último quadriênio da administração municipal, com o objetivo de verificar as irregularidades apontadas. 


 

Leia Também

Foguete: Cabo Frio pode ter mais uma praia com selo Bandeira Azul
Turismo

Foguete: Cabo Frio pode ter mais uma praia com selo Bandeira Azul

Prefeito de Linhares repudia envio de moradores de rua por Cabo Frio: "Ato desumano"
POLÊMICA

Prefeito de Linhares repudia envio de moradores de rua por Cabo Frio: "Ato desumano"

Prefeitura de Cabo Frio é acusada de despejar moradores de rua em cidade do Espírito Santo
"AÇÃO HIGIENISTA"

Prefeitura de Cabo Frio é acusada de despejar moradores de rua em cidade do Espírito Santo

100 DIAS DE GOVERNO

Sem reuniões do Conselho de Educação, algumas escolas infantis de Cabo Frio operam sem licença

Após quatro meses de governo, prefeitura segue sem nomear representantes, travando conselhos e deixando decisões essenciais paradas