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Luz, câmera, poesia: Sophia e Filmadeira lançam videopoema de Rodrigo Cabral

Versos do poema cirurgia ganham movimento cinematográfico e violão e flauta de Junior Carriço

27 março 2025 - 12h50Por Redação
Luz, câmera, poesia: Sophia e Filmadeira lançam videopoema de Rodrigo Cabral

“Ainda é impossível / enxergar o passado / sem algum grau de miopia”, escreve Rodrigo Cabral em cirurgia, poema que faz parte de refinaria (Sophia Editora, 2024), primeira obra poética do escritor e editor fluminense. Os versos agora são revisitados pelas câmeras de Guto Madeira e Renata Senra, na cadência do violão e flauta de Junior Carriço. Essa união de artistas da Região dos Lagos resultou no videopoema cirurgia, lançado pela Sophia Editora e pela produtora audiovisual Filmadeira no Instagram e no YouTube.  

Com 1 minuto e 29 segundos, o vídeo busca as cores e os movimentos dos versos de Cabral nas paisagens da Praia do Forte e da Praia do Siqueira, cartões-postais de Cabo Frio. A partir da narração de um procedimento cirúrgico na vista, o poema aprofunda reflexões sobre pertencimento e redescobertas possibilitadas por uma nova forma de enxergar a vida e as palavras.  

A gravação de voz e de instrumentos musicais foi realizada por Marcelo Santa Rosa no estúdio Capitania do Som, em Cabo Frio. O áudio está disponível nas plataformas de streaming, como Spotify (https://bit.ly/4bK3rVd). As melodias de violão e flauta são composições de Junior Carriço, escritor e neto do poeta Victorino Carriço, uma das referências literárias de Rodrigo Cabral para a concepção de refinaria.  

Em refinaria, os poemas do escritor traduzem o movimento incessante da vida e do território, a partir de uma linguagem que une referências locais e universais. Inspirado por Cabo Frio, cidade onde observa a Laguna de Araruama, o autor reflete sobre memória, família e os processos internos da escrita.  

— Acredito na poesia que se aproxima da vida com toda a sua camada de complexidade, controvérsia, dualidade e mistério. Concebo a obra, portanto, como refinaria, não em busca de compreender, tampouco de decifrar, mas, sim, de contemplar os processos de transformação de um território, de um indivíduo, de uma escrita; e, também, de analisar, com a ponta dos dedos, aquilo que não evapora, aquilo que permanece — afirma Rodrigo, que na Região dos Lagos fundou a Sophia Editora, apostando em títulos com estudos sobre memória e história do Brasil.  

O videopoema cirurgia faz parte da série de curtas produções artísticas da Filmadeira intitulada “filmitos”. A produtora vem há anos aguçando um olhar para a arte e para o patrimônio natural da Região dos Lagos.  

— A história e a tradição andam juntas nessa forma de enaltecer e valorizar a cultura local. Pensamos em resguardar a memória de cidadezinha de interior: a vida do pescador, dos salineiros, o cenário da restinga com a duna, as praias maravilhosas, a beleza do amanhecer e do entardecer também. Poucos lugares do mundo têm isso. É o que mostramos no videopoema cirurgia através da linguagem poética  cinematográfica em vídeo, texto e música — explicou Guto.  

Este é o segundo videopoema derivado do livro refinaria. O primeiro, filmado por Douglas Lopes, foi “moleques do peito solar”.  

### Sobre a obra  

Em refinaria, a escrita de Rodrigo Cabral deriva, em primeiro momento, de “sonhos hipersalinos”. O autor revisita memórias de infância num território preenchido por salinas prateando os dias. Lembranças em estado bruto são mescladas às percepções do poeta sobre elementos do patrimônio histórico e da paisagem — a praia, a lagoa, os montes de sal, a restinga, o canal, as pedras portuguesas na calçada, a figueira que se mantém numa rua onde quase tudo muda, menos a centenária árvore. Ao autor, interessa investigar o que se transforma e observar o que resta.  

É desse modo que inaugura sua refinaria, coletando significados e experimentos diversos para a palavra. A poesia experimentada em vida é matéria-prima fundamental: “todo poeta calango / ejeta-se do corpo / desencarna do verso / e regenera-se na vida”. refinaria conta com ilustrações do artista Rapha Ferreira. A orelha é assinada por Thiago Freitas, e o prefácio, de Júlia Vita, que também colaborou na edição.  

Rodrigo Cabral nasceu em Campos dos Goytacazes (RJ), em 1990. Em Cabo Frio (RJ), fundou a Sophia Editora. Em 2024, ficou em segundo lugar no Prêmio Off Flip de Literatura na categoria Contos e entre os destaques na categoria Poesia. Em 2023, conquistou o terceiro lugar no Festival de Poesia de Lisboa. Em 2022, foi finalista do Prêmio Off Flip na categoria Poesia.