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Saindo de Cabo Frio, velejador cruza o Oceano Atlântico até a Cidade do Cabo

Trajeto foi feito com mais dois velejadores sul-africanos e durou 12 dias

10 MAI 2018 • POR • 09h56

ALEXANDRE FILHO

Realizar a travessia do Oceano Atlântico em um barco veleiro não é para qualquer um. O velejador cabofriense Mateus Mayall Gonçalves, juntamente com outros dois companheiros, resolveram encarar de frente o desafio e em 12 dias conseguiram realizar o trajeto entre Cabo Frio e a Cidade do Cabo, na África do Sul.

Atravessar os oceanos era a tarefa daqueles que há séculos atrás desejavam descobrir e conquistar novas terras. Foi assim com Cabral, com Colombo, e também com o navegador português Vasco da Gama.

Nos tempos atuais, as viagens transoceânicas têm como objetivo entender e transcender os limites do ser humano nesse tipo de aventura. O velejador Mateus, de 39 anos, que é gestor de turismo, mas no barco exerce a função de proeiro, explica que foi chamado para esta aventura após um tripulante do barco Revelation 1, um Catamarã de 50 pés, ficar sem condições de navegar.

– Esse tipo de navegação é dificil, então é comum haver a troca de tripulantes quando necessário. Fui escolhido por conta das minhas habilidades como navegador – explicou Mateus.

O cabofriense conta que a ideia de fazer o trajeto de Cabo Frio até a Cidade do Cabo surgiu da necessidade de levar o barco até o seu porto de origem. Com os outros dois tripulantes – Wayne Robertson, de 51 anos, capitão do veleiro e Arran Wright, de 21 anos, timoneiro do barco, ambos sul-africano – partiu no dia 22 de abril rumo ao Cabo das Tormentas.

Foram mais de quatro mil quilômetros de águas frias enfrentadas pelos três durante os 12 dias entre as duas cidades, navegando sempre por baixas latitudes. Além da água muito frias, outros desafios foram se apresentando para os aventureiros no meio do trajeto, e com eles as dificuldades foram surgindo.

Segundo Mateus, o barco sofreu várias avarias durante o percurso devido ao mar agitado, com danos na proa e quebra de motor.

– O mar sem duvida é muito perigoso. Pegamos ondas de 20 pés e ventos de 100 km/h – disse.

Por muitas vezes, a rebeldia do mar era tão grande que a equipe pensou que poderia não conseguir completar a viagem.

– Algumas vezes foi bem difícil. Chegamos ao nosso destino final com o apoio do grupo de resgate local. Enfrentamos ventos de quase 40 nós ao chegar, então foi preciso um barco de apoio da National Sea Rescue Institution para sinalizar o porto para nós.

Com a chegada no destino, Mateus conta que o sentimento é o melhor possível.

Entretanto, após uma grande aventura vivida em alto mar, a vontade do velejador é conseguir voltar logo para sua terra natal, Cabo Frio, e publicar suas aventuras, que estão atualmente contadas em um diário, em um livro posteriormente.

– Estou feliz, mas morrendo de vontade de voltar pro Brasil. O sentimento é de missão cumprida, sem dúvida. Faz parte da vida de um homem do mar. Está tudo em um diário que eu quero publicar quando voltar, tem detalhes importante – disse ele, que ainda não tem previsão da data de retorno para Cabo Frio.