Agentes estão sem talão e não podem rebocar carros parados irregularmente
Agentes estão sem talão e não podem rebocar carros parados irregularmente
A Guarda Municipal está sem aplicar multas em Cabo Frio. Motivo: a prefeitura não comprou os talões que registram as infrações de trânsito na cidade. A denúncia foi feita por um guarda municipal através do Whatsapp da Folha (99971-7556). Esse, no entanto, não é o único problema. O reboque está parado em frente à sede do órgão há três meses. A causa seria problemas na documentação do veículo. A situação se soma às críticas dos moradores sobre estacionamento irregular em pontos de diversos bairros, o que atrapalha a passagem de pedestres e dificulta o acesso a cadeirantes.
O secretário de Ordem Pública, Adalberto Porto, minimiza as críticas e argumenta que tudo é uma simples questão burocrática. Mas, enquanto isso, os agentes têm dificuldade para exercer o trabalho de fiscalização.
– O cadeirante que quer se locomover está impedido de transitar por uma rampa, por exemplo, porque no acesso tem um carro parado. E não temos como aplicar a lei, pois não temos talonário de multa e o reboque está sempre com problemas e com falta de combustível – observa o guarda que enviou a denúncia, acrescentando que o veículo está há meses fora de funcionamento.
A Folha foi às ruas do centro da cidade na manhã de ontem. E apenas dois guardas foram vistos circulando pela Praça Porto Rocha durante quase duas horas. A reportagem ainda flagrou um carro estacionado em frente a uma garagem ao lado do prédio da Guarda Municipal.
Outro guarda ouvido pela reportagem alerta para a multiplicação das irregularidades no trânsito. Mas lamenta que não possa retirar os carros com “os braços”.
– Os motoristas não querem nem saber. Estacionam em frente a uma garagem ao lado da Guarda Municipal e não se preocupa em ganhar uma multa. É um desrespeito completo com os trabalhadores. Os moradores nos perguntam se o carro pode ser rebocado e não podemos utilizá-lo por falta de combustível. Não posso retirar o carro com os braços. Somos tratados como ninguém há muito tempo pelos dois lados: dos motoristas e da própria prefeitura. Somos obrigados a nos deparar com cada tipo de situação em que vemos como somos desvalorizados – afirma.
O sinal está verde para a impunidade no trânsito de Cabo Frio. Estacionar em vagas exclusivas para idosos e deficientes, por exemplo, é considerada uma infração grave. Segundo o código Nacional de Trânsito, a multa para quem para em vagas proibidas vai de R$ 53,00 a R$ 127,00. O motorista pode pegar de 3 a 5 pontos dependendo da gravidade e ter o veículo rebocado.
– Nem o supervisor da Guarda Municipal tem talão. Isso é uma vergonha. Mas a população leiga diz que estamos ganhando dinheiro sem trabalhar. O prefeito e o secretário não estão nas ruas para sofrer pressão dos moradores. Quem recebe ofensas de todos os tipos somos nós, guardas. Trabalhar sem reboque e talão é equivalente a um policial militar trabalhar sem armas. É absurdo ver um cara entrando na contramão na nossa frente e não poder fazer nada perante a uma situação como essa. Estamos com a sensação de impotência. Trabalhamos durante um mês só para dizer que estivemos aqui. Nos limitamos a colocar cones nas ruas – comenta outro guarda que preferiu não se identificar.
O secretário de Ordem Pública, Adalberto Porto, prometeu solucionar o problema ainda nesta semana. Segundo ele, a Guarda Municipal não reparou que os talões estavam prestes a acabar. O reboque não estava regularizado.
– A Secretaria de Ordem Pública aguarda a confecção desses talões. Os talões devem sair até a próxima quarta-feira (amanhã). Mas garanto que não estamos parados há mais de um mês. É só pegar a última multa que fizemos e ver que não tem muito tempo. Estávamos racionando os talões para não acabar por causa desse problema que tivemos. A Guarda Municipal vai ter os talões fabricados novamente. Erramos no cálculo e não vimos que os talões estavam acabando. O reboque teve problemas na documentação. Temos que enfrentar uma grande burocracia para, enfim, conseguir a regularização – diz.