Integrante do Apanhei-te Cavaquinho toca no maior festival de Jazz do mundo
Adalberto Miranda se especializou no contrabaixo elétrico
No início, ele só observava o irmão tocando violão. E assim, olhando dali, escutando daqui, Adalberto Miranda despertou, aos 15 anos, para uma das maiores paixões da vida. A música revolucionou a vida do menino. Escolheu – ou foi escolhido – pelo contrabaixo, tocou em banda de rock, navegou rumo às melodias do chorinho no Apanhei-te Cavaquinho, projeto do maestro Ângelo Budega, e acabou se especializando no jazz. Tanto que o ex-morador de Cabo Frio, onde foi criado, acaba de se apresentar num dos maiores festivais do gênero do mundo - o 'Jazz a Vienne', na França, onde tocou com o grupo Samba Sax.
– Prestava atenção quando meu irmão tocava violão na sala e resolvi aprender algumas notas. O aprendizado foi natural e não me dei conta de que estava sendo convidado para tocar em tantos lugares. Sei que me esforcei bastante para seguir nessa nova carreira e desde o início me interessei pelo jazz e suas vertentes. Hoje, apesar de começar tocando violão, o meu instrumento oficial é o contrabaixo elétrico.
E a caminhada reserva aos músicos muitas surpresas. Uma das maiores delas foi o encontro com o lendário produtor norte-americano Quincy Jones, nome por trás do álbum Thriller, de Michael Jackson. Adalberto conta que Quincy não poupou elogios à cantora Elis Regina.
– Ele estava ensaiando para um show e consegui o acesso para falar com ele por conta de um amigo que faz parte da banda dele. Ele é muito simpático e veio falar comigo sem nenhum motivo. Perguntou se eu era do Brasil e começou a falar sobre a Copa do Mundo e os lugares favoritos. Como não poderia deixar de ser, falamos sobre a música brasileira e vi como ele é fascinado pelos nossos músicos. O assunto principal da conversa foi a Elis, que ele classificou como 'incrível'. Estava pronto para falar bastante do Michael Jackson, mas ele preferiu manter a conversa no Brasil mesmo. Conversar comum cara como o Quincy é uma realização.
Apesar de o ritmo norte-americano ser a especialidade do músico, Adalberto não renega as raízes brasileiras.
– Vejo a nossa música como completa nos três quesitos: melodia, harmonia e ritmo. E o mais interessante é que dentro de cada região posso encontrar um Brasil diferente. As harmonias espetaculares de compositores mineiros como Toninho Horta e Milton Nascimento, as batucadas dos cariocas e os tambores do Olodum... Isso forma um cenário musical fantástico dentro de apenas um país.
Em Cabo Frio, o jovem baixista deu os primeiros passos como profissional através do projeto Apanhei-te Cavaquinho. Segundo ele, Budega e o irmão, Alvinho Santos, foram os melhores professores em sua formação musical.
– O Budega é um grande músico e sinto muito orgulho de poder ter recebido as aulas dele. Quando comecei a me interessar realmente por música, ele me deu todo o apoio e agradeço bastante por tudo que aprendi.
O professor retribui o carinho:
– Adalberto é um músico incrível. Fora de série. Ele trouxe o talento de berço. Apenas levei a ele mais conhecimento musical. Para mim, ver uma foto de um aluno ao lado do Quincy Jones, um dos maiores músicos do mundo, é uma coisa extraordinária - vibra Budega.