Salário de comissionados e terceirizados de Cabo Frio sai só no quinto dia útil
Pagamentos estão atrasados há três meses
NICIA CARVALHO
“Não temos salário, trabalho, nem material para trabalhar, como saco de lixo. Falta tudo. Mês passado pegamos vale porque estamos sem gás, sem comida e aluguel atrasado. A dona da casa que pegar o imóvel, mas ela está com pena porque para onde eu vou com quatro crianças? Não sei o que fazer. E o supervisor ainda falou: ou aguarda até o final ou pede demissão. Como vou fazer isso e perder dois anos e três meses de trabalho?”.
O depoimento de Tamires da Silva, de 28 anos, moradora do Peró e contratada para varrição, reflete a situação da Prefeitura de Cabo Frio, que está há três meses sem pagar o salário de comissionados e de terceirizados. Para completar, a partir de agora os servidores, que também estavam com os vencimentos em atraso, recebem oficialmente apenas “no quinto dia útil, conforme determina a lei”. A informação foi postada no fim da manhã de ontem na página da Prefeitura no Facebook.
Os pagamentos costumavam ser creditados na conta no dia 30 em função de compromisso assumido pelo prefeito Alair Corrêa (PP). O calendário municipal, inclusive, já sofreu várias alterações desde 2013. A nota diz ainda que, “em seguida, serão efetuados os pagamentos dos contratados. E, por fim, a Prefeitura paga a folha dos comissionados”.
– Independentemente da lei, gera instabilidade na vida dos trabalhadores. Sem contar os terceirizados, que ganham muito pouco, e pelo calendário vão receber quase no meio do mês. Tudo não passa de ódio do prefeito ao plano de cargos e salários. Ele se vinga nos trabalhadores. Tem dinheiro para shows, mas só paga na data limite? – disparou Olney Viana, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Cabo Frio (Sindicaf).
Lanche do Operário é fechado
Amanheceu fechado ontem o Lanche do Operário, localizado na Avenida Wilson Mendes, no Jacaré, e que enfrenta investigação no Ministério Público sobre denúncias de irregularidades no processo licitatório. Segundo o secretário de Comunicação Edson Ferreira, o Edinho Ferrô, o programa social, que serve café da manhã para os trabalhadores, foi fechado temporariamente.
De acordo com ele, a medida, que faz parte do quarto pacote de ações para tentar contornar a falta de receita, foi adotada como forma de evitar que o Cartão Dignidade, que seria suspenso, continuasse ativo.
– Além da queda dos royalties tivemos declínio de outras receitas. Então tivemos que fazer cortes, pois precisamos enxugar de R$ 10 a R$ 12 milhões nos gastos municipais – explicou.
Na Educação, o cenário não é diferente e somente nos últimos dois anos os servidores realizaram vários protestos principalmente sobre reajuste salarial. Desta vez, a queda na arrecadação fez com que a direção de uma escola que não teve o nome divulgado, pedisse a pais e alunos que levassem lanche de casa.
– E o programa federal que manda verba exclusiva para alimentação das crianças? Para onde está indo? Essa circular foi para todas as turmas de uma escola da Rede, mas como sabemos o governo que temos, o nome da escola foi preservado – afirmou Denise Teixeira, diretora de imprensa do Sindicato da Educação (Sepe Lagos).
A secretaria de Educação, por sua vez, informou que “todas as escolas estão com a compra de gêneros alimentícios
para preparo do almoço e jantar rigorosamente em dia e que não existe qualquer orientação para pedir contribuição das famílias.”
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