As histórias de Larico
Coletânea de episódios do Iluminado da Boca do Mato invade livrarias da cidade
Rodrigo Branco
Para os olhos mais sóbrios, ou mal humorados, as aventuras de Larico de Zezé, menos conhecido como Olarico José Barbosa, podem parecer nonsense, mas as aventuras do Iluminado da Boca do Mato têm muito mais de crônica social de Cabo Frio do que se possa supor. É quando o primeiro e único líder espiritual do Tabernáculo da Fé interrompe o polido repórter para fazer uma sessão de benzeção no pobre troca-letras, antes que o papo começasse a ficar sério demais.
O que nem ele com seus poderes paranormais e o auxílio dos jogos de búzios, zerinho ou um e adedanha podia imaginar é que, um dia, suas histórias renderiam um livro, ‘Larico de Zezé - O Iluminado da Boca do Mato’ (Sophia Editora, 101 págs., R$ 30). Coletânea surgida de uma compilação de colunas publicadas na Folha ao longo de três anos, a publicação receberá lançamento à altura, hoje, a partir do meio-dia, no Costa Azul Iate Clube, na Gamboa, com direito a feijoada e doses fartas de ‘cachorro magro’ (cachaça com limão), a bebida preferida do empata sensitivo, muito mais empata do que sensitivo. Os ingressos podem ser comprados no clube, na hora do evento, por R$ 45 (não assinante) e R$ 40 (assinante).
– A gente já tinha essa ideia de começar no mercado editorial há algum tempo e já conversávamos para que Larico fosse essa primeira experiência. Fiz um curso na Unesp, na Universidade do Livro, em São Paulo, sobre o processo de editoração do livro. Assim o livro de Larico surgiu como cobaia com a ajuda do Thiago Freitas, que foi repórter da Folha, que fez a diagramação e a capa, e o Luis Gurgel, nosso diagramador – explica Rodrigo Cabral, diretor da Sophia Editora, que publica a Folha dos Lagos, sobre a primeira investida no ramo literário.
Sempre acompanhado de um séquito de inseparáveis amigos, ou obreiros, como prefere chamá-los, o Iluminado da Boca do Mato, inspirado observador do cotidiano da cidade, não deixa barato as trapalhadas da política local e não poupa ninguém dos seus rituais, seja o prefeito, os vereadores, deputados ou secretários, ‘moloides’ ou não.
– O que eu acho mais interessante no livro é o fato dele retratar as peculiaridades locais com tom de literatura regionalista: as pessoas e os lugares que se tornaram parte do folclore de Cabo Frio. Tudo isso conduzido por um personagem divertidíssimo, o Larico, que eu considero o Macunaíma cabofriense. Ele só não tem preguiça é de jogar pedra no telhado – diverte-se Rodrigo, comparando o sensitivo ao célebre personagem do modernista Mário de Andrade.
Mesmo antes do lançamento oficial, as peripécias de Larico, com prefácio do presidente do Tamoyo Esporte Clube, Ivan Ferreira, já podem ser encontradas nas prateleiras da livrarias Nobel, no Shopping Park Lagos; Ler & Ver, no Centro e na banca Exótica, na Praça Porto Rocha. Com sua conhecida aversão a lavar louças, siglas e cerveja quente. Afinal, Larico é assim mesmo, mas às vezes é muito pior. Melhor para nós, leitores.