Após sete anos de suspensão, o tradicional Auto da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo voltará a ser encenado na programação da Semana Santa, em Cabo Frio. A apresentação está marcada para a próxima sexta-feira (18), às 20h, no Largo Santo Antônio. O retorno foi confirmado pela Prefeitura e pela Paróquia Nossa Senhora da Assunção, que destacaram que a última edição aconteceu em 2017. 
Em 2016, no entanto, a encenação já havia sido cancelada pela primeira vez. À época a Folha noticiou que a Prefeitura disse ter dificuldades financeiras para arcar com os custos da estrutura de palco, som e iluminação (responsabilidade do município desde a primeira apresentação, em 1989). O mesmo motivo foi apontado para a interrupção definitiva do evento a partir de 2018.

Este ano, no entanto, o prefeito Serginho Azevedo anunciou que o governo voltará a apoiar a atração com a montagem dos palcos. A expectativa é de que o evento volte a reunir milhares de pessoas. Antes da paralisação, o evento costumava reunir mais de 30 mil espectadores, segundo registros do governo municipal na época.

Em 2016, entre atores principais e figuração, foram 80 pessoas participando do teatro a céu aberto. Para o retorno, este ano, serão 79 pessoas nos papéis principais, além de 35 figurantes, uma equipe de organização e figurino com oito integrantes e outras 20 pessoas responsáveis pela montagem e desmontagem dos cenários. Em 2016, a estrutura também era composta por seis palcos. Este ano, segundo a Prefeitura, serão três.

Para o ator e artista plástico Yuri Vasconcelos, que participou da dramatização por 10 anos (sendo os últimos três no papel de Jesus Cristo), esse retorno é algo que merece ser comemorado.

— Não estarei na encenação deste ano, mas torço para que tudo dê certo. Fico feliz com o retorno porque acho que tem uma máxima que a gente usa muito no teatro que é “o espetáculo não pode parar”. E é verdade. É uma questão de tradição, e se ela para, pode ser perdida — contou à Folha.

Quem também comemorou o retorno do espetáculo foi Valtenci Silveira, criador da primeira encenação realizada na cidade, em 1989, e coordenador do projeto até 2017, quando houve a última apresentação. Em conversa com a Folha, ele disse que vê “com bons olhos o retorno do Auto da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Também desejou que o trabalho volte a cumprir o seu propósito, segundo ele, inspirado pelo Frei Ivo Theiss “quando nos propôs a realização da primeira apresentação”.
— Houve, inclusive, uma época em que diversos expoentes da dramaturgia nacional vieram nos prestigiar com suas atuações: caso de Ângela Vieira, Carolina Dieckmann, Giovanna Antonelli, Du Moscovis, Marcos Pasquim, Reginaldo Faria, Murilo Benício e outros — lembrou.

Embora seja o criador do espetáculo, Valtenci lembrou que este ano será apenas um espectador.

— Hoje, no alto dos meus 80 anos, já não tenho condições físicas para comandar os trabalhos. As pessoas que assistem não têm noção do gigantismo da tarefa. E, depois de 26 anos à frente, chegou a hora de passar o bastão a outras pessoas. Me sinto feliz por ver o comando entregue às pessoas que me acompanharam durante anos e que, pela dedicação com que me ajudaram, conhecem os procedimentos. Tenho certeza: farão um belo trabalho. Que esse retorno cumpra seu objetivo, fortalecendo a fé cristã e, sobretudo, levando o público a conhecer e meditar sobre o sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo — explicou.

Responsável pela Igreja Matriz Nossa Senhora da Assunção, padre Marcelo Chelles disse estar feliz com o retorno do trabalho e grato ao prefeito cabo-friense “por dar os meios para que pudéssemos voltar a realizar a encenação”.

— Dentro da Semana Santa temos dois tipos de celebrações: as litúrgicas e as devocionais. O essencial é a celebração litúrgica, pois é nela que a Igreja celebra o mistério central de nossa fé: a morte e a ressurreição de Jesus. Porém, além das ações litúrgicas, a Igreja aconselha as práticas devocionais, pois elas ajudam no desenvolvimento da fé. A encenação da Paixão é uma prática devocional de suma importância, resgata essa tradição em nossa cidade. Essa iniciativa é benéfica à vida espiritual, mas também é benéfica ao município, por razões turísticas — destacou.
 

Confira abaixo a programação: 

Sábado (12/04)

• 16h – Celebração especial voltada para as crianças

• 18h30 – Missa com bênção de Ramos

Domingo de Ramos (13/04)

• 8h – Bênção dos Ramos em frente ao convento, seguida de procissão e missa na matriz auxiliar

• 18h – Missa com bênção dos Ramos

• 20h – Missa com bênção dos Ramos

Segunda-feira (14/04)

• 7h30 – Missa

• 19h – Procissão da Via-Sacra

Terça-feira (15/04)

• 7h30 – Celebração da Palavra pelo diácono

• 18h – Missa

• 19h – Procissão das Sete Dores de Nossa Senhora
  (Concentração: Casa do Artesanato, Rua Marechal Floriano)

Quarta-feira (16/04)

• 7h30 – Missa

• 19h – Missa

• Após a missa – Procissão do Fogaréu
  (Saída: Matriz Auxiliar)

Quinta-feira Santa (17/04)

• 20h – Missa da Ceia do Senhor

  • Inclui o rito do lava-pés

  • Transladação do Santíssimo Sacramento para a matriz histórica

  • Vigília até as 6h da Sexta-feira

  • Ofício de Trevas à meia-noite

Sexta-feira da Paixão (18/04)

• 9h – Procissão do Encontro
  (Saída: Capela de Santa Isabel e do Convento até a Matriz Auxiliar)

• 15h – Sermão das Sete Palavras de Cristo na Cruz

• 16h – Celebração da Paixão do Senhor

• 17h30 – Procissão do Senhor Morto

• 20h – Encenação da Paixão de Cristo
  (Local: Largo de Santo Antônio)

Sábado de Aleluia (19/04)

• 19h – Missa da Vigília Pascal

• Após a missa – Procissão da Ressurreição

Domingo de Páscoa (20/04)

• 10h – Missa

• 18h – Missa

• 20h – Missa