MEIO AMBIENTE

Manguezais de Cabo Frio começam a ser mapeados para garantir proteção ambiental

Iniciativa busca preservar áreas ameaçadas pela expansão urbana e especulação imobiliária

15 DEZ 2024 • POR Redação • 10h45

Os manguezais de Cabo Frio e Armação dos Búzios estão passando por um mapeamento inédito que busca garantir sua preservação. Reconhecidos como Áreas de Preservação Permanente (APP) pela Lei Federal 12.651/2012, esses ecossistemas têm sofrido com o avanço da especulação imobiliária, sendo aterrados ou transformados em depósitos de lixo. Apesar disso, sua importância é enorme, tanto para a adaptação às mudanças climáticas quanto para o armazenamento de água durante tempestades. Em Cabo Frio, o trabalho está previsto para ser concluído neste fim de semana, enquanto os manguezais de Armação dos Búzios serão mapeados em janeiro.

A iniciativa, que começou em 14 de novembro, é coordenada pelo Núcleo de Estudos em Manguezais da UERJ (NEMA), em parceria com o Grupo de Pesquisa em Geoinformação e Dinâmicas Ambientais da UFF (GIDA) e a ONG Anhangá. O projeto foi viabilizado por uma emenda de R$ 80 mil do deputado estadual Flavio Serafini (PSOL), que há uma década atua na defesa ambiental.

Segundo Mário Soares, coordenador do NEMA e professor de Oceanografia da UERJ, o mapeamento vai além da simples identificação de áreas.

– É um sistema extremamente importante que tem uma relevância grande também no enfrentamento das mudanças climáticas. E em termos do estado, de Cabo Frio, Búzios e Região dos Lagos de uma forma geral, você vem complementar o mapeamento dos manguezais do Estado do Rio de Janeiro, porque a região de Cabo Frio e Búzios manguezais foram muito pressionados - explicou.

Ele destacou que os manguezais da Região dos Lagos têm sido especialmente pressionados pela expansão urbana e empreendimentos econômicos, o que torna esse levantamento fundamental para o planejamento de ações de preservação.

O estudo inclui a identificação de áreas de manguezal, caracterização da vegetação e coleta de dados sobre a fauna e flora local. Até o momento, já foram avaliadas mais de 21 áreas em faixas e parcelas de fitossociologia (incluindo sete no Dormitório das Garças e outras sete na Ilha do Japonês). Com base nesse levantamento, será elaborado um documento técnico que subsidiará a criação de Projetos de Lei, tanto em âmbito estadual quanto municipal, fortalecendo as políticas de proteção desses ecossistemas.

As ações propostas estarão alinhadas ao ProManguezal, instituído pelo Decreto 12.045/2024, que visa a conservação e o uso sustentável dos manguezais no Brasil. Para Soares, a conclusão do mapeamento representa um avanço significativo para a preservação ambiental da região.

– Esse trabalho vem complementar os mapeamentos que estão deficientes, porque existem várias manchas de manguezal que não foram mapeadas nessa região. Então esse trabalho vem contribuir para a gente ter definitivamente identificados remanescentes de manguezal dessa região - afirmou o professor da UERJ.

A expectativa é que o estudo fortaleça a pressão contra iniciativas que promovam a degradação ambiental e estimule o uso sustentável dessas áreas, valiosas para o equilíbrio ecológico e social.