Prefeitura de Cabo Frio é alvo de protesto por exonerações retroativas e salários atrasados
Funcionários afirmam ter trabalhado até o último dia 7, mas foram exonerados com data retroativa de 1 de outubro
Nesta quarta-feira (13) Cabo Frio completa 409 anos de fundação. Mas para centenas de servidores municipais a data não terá motivo para ser comemorada. É que, embora tenham trabalhado normalmente até o dia 7 deste mês de novembro, até agora eles não receberam o salário de outubro. A surpresa maior veio quando foram questionar o atraso no setor de RH: descobriram que haviam sido exonerados com data retroativa de 1 de outubro.
Um grupo de whatsapp batizado de “Me paga, Magdala” chegou a ser criado para organizar um protesto pacífico, que aconteceu nesta terça (12) em frente à sede do governo municipal. Outro protesto estava sendo convocado para esta sexta (15), feriado da Proclamação da República. O objetivo seria o de aproveitar o movimento de turistas na cidade para chamar a atenção para o calote da prefeita Magdala Furtado, que até o fechamento desta edição ainda não havia se pronunciado sobre o assunto.
Um dos servidores prejudicados foi João Lucas Gomes da Silva, que atuava como agente de posturas há 7 anos e 10 meses. Em conversa com a equipe da Folha, ele contou que até o último dia 7 de novembro o nome dele constava no portal da transparência como servidor municipal. Mesmo assim soube que foi exonerado com data de 1º de outubro.
– O grupo foi criado com intuito de organizar uma manifestação a respeito do salário do mês de outubro. Todos nós temos nossas folhas de ponto para provar que trabalhamos (durante todo o mês de outubro), mas ninguém recebeu. No RH tivemos a notícia de que fomos exonerados no dia 01/10 - informou João, que enviou cópia do documento de registro de trabalho para a Folha. Segundo ele, a situação afeta, principalmente, servidores da saúde e da administração.
Uma mulher, identificada como Angélica, contou que é funcionária do Hospital do Jardim Esperança e que por lá os servidores também estão sem pagamento.
– Lá a gente atende todo tipo de paciente: paciente que tem paciência, paciente impaciente, e estamos sempre tratando todo mundo bem, mas estamos trabalhando pela graça porque todo mundo está sem pagamento.
Na última sexta (8) vereadora Alexandra Codeço chegou a enviar ofício à Secretaria de Saúde cobrando explicações sobre a falta de pagamento dos servidores do setor. Na segunda (11) ele foi pessoalmente à Secretaria, mas não foi atendida.
– Mandei um ofício no dia 8 e não tive resposta. Então fui pessoalmente para cobrar explicações. O secretário estava na sala dele, mas não quis me atender. Quero deixar claro meu repúdio a toda essa situação, e ao que estão fazendo com os pacientes e funcionários da saúde. É inadmissível o que a prefeita e o secretário de saúde estão fazendo. Não tem exames, não tem consulta, não tem nada porque todos os serviços também estão sem pagamento.
Entre os serviços paralisados estão cirurgias ginecológicas. Segundo Alexandra, ela teve a confirmação da suspensão das cirurgias através da direção do Hospital da Mulher.
– Eles me confirmaram que estão sem materiais para as cirurgias eletivas. Temos mulheres precisando retirar tumores, com situação grave. Como pode a prefeita, sendo mulher, não se sensibilizar com tamanho problema? - questionou a vereadora.