Continua o mistério sobre um suposto forte estrondo seguido por um tremor de terra que foi sentido no último 11 por vários moradores de Cabo Frio, Búzios, São Pedro da Aldeia e Arraial do Cabo. Moradores especularam sobre diversas causas: terremoto, explosão em uma das pedreiras de São Pedro da Aldeia e até mesmo a entrada de um meteoro no sistema terrestre, além do deslocamento de gases no interior da terra causado por um depósito de lixo no bairro Alecrim que fabrica gás metano através do lixo. Todas essas hipóteses foram descartadas ao longo desta semana.

No site do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (que registra terremotos em várias partes do mundo) existem pelo menos 13 comunicações de tremores relatadas por moradores da região no dia 11 deste mês. São notificações feitas no Bosque de Geribá, em Búzios; em Campo Redondo, Colina, Porto do Carro e Vinhateiro, em São Pedro da Aldeia; e em Praia do Siqueira, Boca do Mato, Caminho Verde, Peró, Algodoal, Portinho e Palmeiras.

Apesar disso, o centro de estudos revela que não existe registro oficial de atividade sismológica na Região dos Lagos, nem mesmo no estado do Rio de Janeiro, ao longo deste ano. Até esta quarta-feira (18), as atividades mais recentes registradas no Brasil foram em Araxá / MG (magnitude 2.0 no último dia 14), em Miranda / MS (magnitude 1.8 no último dia 4), e em Trombas / GO (magnitude 3.0 no último dia 1º). 

As três pedreiras que funcionam em São Pedro da Aldeia (Aspen, Basauto e Litorânea) também negaram qualquer relação com o forte estrondo e com o tremor de terras já que, segundo elas, não houve nenhuma detonação recentemente. Em nota enviada à Folha, a Mineração Litorânea explicou ainda que “todos os desmontes de rochas são previamente comunicados e autorizados pelo Exército Brasileiro a fim de garantir o controle e segurança das comunidades vizinhas”.

O astrônomo e colunista da Folha, Wagner Sena, também descartou a possibilidade do fato que assustou moradores de quatro cidades da Região dos Lagos ter sido causado pela entrada de um meteoro, ou fragmento dele, na atmosfera terrestre na área da Região dos Lagos. 

– Não foi um meteoro, pois se fosse provavelmente alguém teria visto, e eu teria sido o primeiro a chegar onde ele caiu. Pelos relatos que estou ouvindo, caso fosse um meteoro ele teria que ser bem grande para causar esse tremor - contou Wagner.

A quarta hipótese (deslocamento de gases no interior da terra em um depósito de lixo aldeense através da fabricação de gás metano) também foi descartada pela Dois Arcos Construções e Gestão de Resíduos. Em nota enviada à Folha esta semana, a empresa disse que só tomou conhecimento acerca dos tremores que atingiram algumas cidades da Região dos Lagos através de notícias veiculadas na imprensa. “Contudo, atesta que os tremores não possuem qualquer relação com as atividades desenvolvidas em seu Aterro Sanitário, desconhecendo, portanto, a sua origem”. 

O estrondo e o tremor misteriosos que assustaram vários moradores da Região dos Lagos na semana passada também teria sido sentido no começo do mês na cidade de Queimados, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro. Por lá, moradores apostaram na detonação de uma pedreira próxima ao município, e até mesmo na suposta explosão do chamado "vulcão de Nova Iguaçu", extinto há aproximadamente 58 milhões de anos. As duas possibilidades já teriam sido descartadas por especialistas que, no entanto, também não sabem dizer o que também assustou os moradores da cidade fluminense.