Quando aguça o olhar para a história da outrora pujante indústria salineira em Cabo Frio, o artista Rapha Ferreira enxerga, além das imagens nostálgicas dos cataventos e dos montes de sal brilhando fartura sob o sol, o sofrido destino daqueles que foram explorados, silenciados e esquecidos. Essa percepção é o que permeia a mostra “O Preço do Sal”, que permanece até o dia 24 de maio na Casa de Cultura José de Dome – Charitas, em Cabo Frio.  

—  A exploração do sal pela coroa no século XIX, com autorização do Imperador D. Pedro, transformou a lagoa de Araruama no principal local de extração de sal. O uso de mão de obra escrava foi crucial para o desenvolvimento da indústria, tornando a região um ponto de comércio escravocrata. No entanto, pouco se sabe sobre esses trabalhadores escravizados nas salinas — comenta o artista.

Os questionamentos vêm através do uso abstrato das formas geométricas:

— Quem foram os primeiros trabalhadores das salinas? Qual foi o valor do desenvolvimento dessa indústria na região? As salinas asseguravam o direito ao trabalhador? Qual foi a influência política dos donos das salinas na política local? A pergunta fundamental é se essas práticas de expropriação da mão de obra e dos ecossistemas acabaram. Os padrões geométricos nas obras não têm o objetivo de representar as salinas ou os trabalhadores, mas, sim, de capturar o observador e fazer com que este reflita sobre as perguntas formuladas. Qual foi o preço do sal?

Rapha entrega a resposta:

— Foi o sangue de mulheres, crianças e homens negros.

Ele relaciona essas reflexões com o que está sendo construído, hoje, na cidade.

— Qual está sendo o preço a ser pago pelo desenvolvimentismo imobiliário e turístico? As indústrias imobiliária e a turística devem pensar sobre o passado e ajudar a desenvolver maneiras de preservá-lo para seu próprio bem comercial — conclui.

A exposição "O Preço do Sal" é uma contrapartida do Prêmio Gilberto Marques de Fomento à Cultura. 

Serviço

Abertura da exposição

10 de Maio, quarta-feira, das 18h às 20h

ENTRADA FRANCA - CLASSIFICAÇÃO LIVRE

Demais dias de visitação

11 a 24 de Maio de 2023

Segunda à sexta, das 9h às 20h | Sáb, dom e feriados, das 14h às 20h

ENTRADA FRANCA - CLASSIFICAÇÃO LIVRE

Casa de Cultura José de Dome - Charitas

Avenida Assunção, 855, Centro, Cabo Frio

22 2643-2784 | museujosededome@gmail.com