Royalties: economista prevê estabilidade para municípios apesar de oscilação do petróleo
Avaliação foi feita pelo economista Leandro Cunha, em entrevista à Folha
Com as últimas oscilações na cotação do preço do barril do petróleo, a apreeensão começou a tomar conta de alguns setores. Segundo o economista Leandro Cunha, apesar de algumas oscilações, as projeções futuras são positivas e não há indícios de instabilidade. Ele ainda destacou a possibilidade de mudanças na política de investimentos da Petrobras e seu impacto na geração de emprego e renda no setor de petróleo.
– O preço do barril caiu, mas já se recuperou. Então não acredito que haja grandes oscilações além do que já aumentou. Como eu disse, as projeções indicam que o preço do barril, ao longo deste ano, vai se manter em torno de US$ 80 / US$ 85, podendo haver pequenas variações para mais ou para menos. Mas, mantido esse cenário que a gente está vendo no mundo, não acredito que haja grandes problemas para o consumidor. Até porque a Petrobras deve mudar a forma do Preço de Paridade de Importação (PPI) [referência usada para refletir os custos da internalização de combustíveis] para uma ponderação diferente, e é bem possível que ela impeça essa oscilação muito grande para cima no preço do petróleo.
Como o preço do petróleo e do dólar estão correlacionados, Leandro lembra que a cotação da moeda americana também mexe com a economia.
– Se formos olhar o histórico, o dólar também aparece com uma volatilidade momentânea. As projeções dão conta de que ele vai ficar na faixa de R$ 5,25 / R$ 5,30, embora em alguns momentos ele possa oscilar. E é normal que isso aconteça com a migração de fluxo de capitais para países emergentes, como o nosso. Então a expectativa de futuro é bem positiva, a menos que haja alguma mudança drástica no cenário internacional. O que tinha pra acontecer de ruim, já aconteceu, que foi a guerra e a dificuldade nas economias americana e europeia – tranquilizou.
Em geral, uma alta valorização do dólar em relação à moeda local pode ter um impacto negativo na geração de emprego em algumas indústrias e setores específicos. No entanto, Leandro Cunha diz não acreditar em grandes mudanças no cenário de geração de emprego e renda e prevê, inclusive, a possibilidade de um cenário positivo.
– Não tem, no horizonte, grandes mudanças para este ano. O que pode mudar é o fato de que a Petrobras, com a mudança de governo, altere os investimentos nas áreas em que ela opera. Isso pode fazer com que, pontualmente, o mercado, no setor de petróleo, tenha alguma melhora em termos de oferta de emprego e renda proporcionada por mudanças de investimento no setor. Mas ainda é cedo pra falar. Tudo depende da Petrobras e da sua política de investimentos. Mas pode ser, também, que isso demore a acontecer, e nem aconteça este ano, talvez mais para o ano que vem. Temos que ficar atentos às cenas dos próximos capítulos.