LITERATURA

Academia Cabo-friense de Letras carrega o legado de Teixeira e Sousa há quase meio século

Entidade cultua memória do escritor que é considerado o primeiro romancista brasileiro

20 NOV 2021 • POR Rodrigo Branco • 11h00
Desde 1975, ACL já teve mais de 40 membros. - Acervo Rose Fernandes

Com quase meio século de história, a Academia Cabo-friense de Letras se renova na missão de levar adiante o legado do escritor Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa (1812-1861), considerado por muitos estudiosos de literatura como o autor do primeiro romance publicado no país: O Filho do Pescador, de 1843. No último dia 19 de julho, data em que a ACL completou 46 anos, a nova diretoria da entidade tomou posse com o compromisso de reverenciar a memória do pioneiro romancista nascido em Cabo Frio, sem perder o vigor literário nos dias de hoje.

No próximo dia 2 de dezembro, a Academia vai promover a publicação da ‘Antologia Digital 2021’, às 19h no Charitas [Museu José de Dome]. Na ocasião, será lançada a publicação de um romance de Teixeira e Sousa – A Providência – compromisso assumido pela secretária-geral da ACL, Rose Fernandes, para a reedição de uma coleção com a obra do escritor, em parceria com a editora Foco Letras.

Durante o evento, haverá ainda a apresentação do livro infantil ‘Teixeira e Sousa para Criança’, da acadêmica Rosana Andréia. Entre os projetos, a prioridade é a publicação de obras em brochura, mas com espaço para a era digital.

Nos bastidores, a luta é pelo reconhecimento do escritor cabo-friense como o primeiro romancista brasileiro por parte do Ministério da Educação (MEC). Apesar da longevidade, foi a partir de 2019 que entidade passou por uma reestruturação, com a participação de ‘imortais’ efetivos, com a participação de membros efetivos como o atual presidente Lindberg de Albuquerque Brito; do conselheiro Célio Mendes Guimarães; e também de Sylvia Maria Ribeiro, Tati Bueno, Claudio Leal, Paulo Orlando dos Santos e Aimberê Torres.

Na ocasião, foi criada uma diretoria Interina para regulamentar e atualizar a instituição, e finalmente, foi eleita uma diretoria para reativar suas atividades. Atualmente, a diretoria é composta por  Demócrito Jônathas Azevedo (presidente de honra); Célio Mendes Guimarães (conselheiro); Lindberg de Albuquerque Brito (presidente); Alessandra Azevedo (vice-presidente); Zuleika Crespo Sant’Anna (tesoureira); Rose Fernandes (secretária-geral); Rosana Andreia da Silva Soares (secretária-adjunta); e Agilson Garcia (diretor de Biblioteca e Patrimônio).

História cheia de membros e fatos notáveis – Desde 1975, a entidade reuniu mais de 40 acadêmicos, muitos deles de importância inegável para a sociedade de Cabo Frio, como Anthero Aníbal Barradas, que ocupava a cadeira de número 1, e José da Silva Massa [cadeira 25], ambos ex-presidentes do Tamoyo Esporte Clube; o escritor e professor Walter Nogueira (1915-1979), que dá nome à Biblioteca Municipal; o professor e escritor Ayrton Cristóvão dos Santos, o Tonga; o professor e escritor Francisco Affonso Santa Rosa (1930-2015), entre tantos outros que figuram na galeria da ‘imortalidade’. 

Em 1986, quase dez após a fundação, a ACL abriu suas portas paras as mulheres, com a posse da professora, escritora e jornalista Sylvia Maria Ribeiro, hoje com 73 anos. Atualmente nove mulheres ocupam as cadeiras da instituição, que conta em suas fileiras com 21 membros: Agilson dos Santos Garcia Leal; Aimberê Torres; Alessandra Azevedo; Andrea Correia Rezende; Célio Mendes Guimarães; Eduardo Gomes Pimenta; Israel Albuquerque Ribeiro de Souza; Ivo Matos Barreto Júnior; Luciane Quintanilha dos Santos; Mateus Azevedo Gago; Mauro Vitório Leal ; Paulo Cotias; Paulo Orlando dos Santos; Rodrigo Octávio P. de Andrade; Rosana Andréia da Silva Soares; Rose Fernandes; Tati Bueno; Teresa Cristina Oliveira; Valéria Torres; Vinícius Santa Rosa e Zuleica Crespo Sant’Anna.

Filiada à Academia Brasileira de Letras, a ACL já recebeu a visita de acadêmicos do quilate do jornalista e ex-presidente da ABL, Austregésilo de Ataíde (1898-1993), do intelectual e ex-ministro  da Educação, Eduardo Portella (1932-2017); e do filólogo Antonio Houaiss (1915-1999).

Fruto da vocação literária tradicional dos povoadores da região, a ACL foi idealizada por um grupo de intelectuais que moravam na cidade na década de 1970. Concluídos formalmente todos os requisitos e com as então 40 cadeiras ocupadas por intelectuais apresentados, escolhidos e aprovados pelos membros fundadores, concretizou-se formalmente com solenidade de posse da diretoria e doa demais acadêmicos. A ACL  é considerada o ‘Silogeu Cabo-friense’ ou a ‘Casa de Teixeira de Sousa’, patrono da entidade.

– Entre 1975 e 2016, a Academia Cabo-friense de Letras contou com mais de 40 membros ao longo do tempo, participando ativamente em prol da cultura, e principalmente das letras, com o objetivo de divulgar a vida e o valor literário das obras do cabo-friense Antonio Gonçalves Teixeira e Sousa, reconhecido pela Academia Brasileira de Letras como o ‘primeiro romancista brasileiro – explica a secretária-geral Rose Fernandes.