Empresa de apostas esportivas Alphabets fecha as portas e deixa investidores apreensivos
Anúncio foi feito pelo líder do negócio, Rogério Cruz
A Alphabets Investimentos Esportivos, empresa que tem milhares de clientes na Região dos Lagos, fechou as portas, pegando clientes de surpresa. O negócio, que tem características semelhantes de pirâmides financeiras, se apresenta na internet como “fornecedor de um software gratuito de alta performance objetivando lucros e renda no mercado de apostas esportivas”.
O perfil de líder da Alphabets, Rogério Cruz, fez um comunicado oficial confirmando a notícia na noite de quarta (8). “Informamos que, a partir de hoje, 08/09/21, estamos encerrando as atividades da Alphabets. O que nos motivou foi a total inviabilidade de migração para um novo sistema e, como já é do conhecimento de todos, houve diversos percalços, tais como duplicidade de pagamentos; invasão do nosso sistema; envio de comprovantes falsos; dentre outros. Dito isto, informamos que criamos um plano de pagamentos com bases sólidas, iniciado do zero e 100% enquadrado nas leis brasileiras. Por fim, agradecemos a todos pela confiança, pelo trabalho e pelo tempo que passamos juntos. Precisaremos de um prazo de 30 dias para o início e implementação do plano de pagamentos adotado. Pedimos desculpas pelos transtornos causados e nos comprometemos a honrar com a devolução integral de todos os valores recebidos”.
Às 21h48 da quarta-feira (8), minutos após o anúncio de encerramento das atividades ser confirmado, alguns comunicados foram postados num grupo de Telegram da empresa, que reúne mais de 1.700 pessoas. Numa das mensagens, um post feito em nome da Alphabets pede que todos os investidores tirem print da quantidade de licenças ativadas “antes que possa acontecer do site cair”. No mesmo grupo investidores manifestaram preocupação. “Investi R$ 10 mil no mês 08. Foi o dinheiro que juntei minha vida toda. Sou enfermeira e lembro cada plantão 24h que dei me matando para juntar essa grana. Não recebi nem a primeira parcela ainda”, postou uma mulher.
No Instagram, Rogério reúne quase 18 mil seguidores. Na mesma rede social é possível encontrar diversos perfis ligados à empresa. Alguns exibem a promessa de rendimentos de 30% ao mês. Já no site, a promessa era ainda maior, e vendida como algo bem simples: “Em apenas poucos cliques você já adquire nosso robô exclusivo, e todo lucro gerado a empresa cobra uma taxa de performance de 30% do lucro, exemplo: se você obtiver R$: 1.000,00 de lucro no mês a empresa fica com R$300,00 e você com R$ 700,00, nossos robôs obtém uma média de 1.2% a 3.2% ao dia e você acompanha todas as apostas diariamente 6 dias por semana”. Para atrair clientes a empresa oferecia oito tipos de propostas, que variavam de investimentos a partir de R$ 100, até valores acima de R$ 100 mil. “Depósitos e recebimentos em real em conta bancária sem taxa de saques”, prometia o site da Alphabets, que trabalhava com saques quinzenais.
Quem é Rogério Cruz? - “De Jogador de futebol, corretor de imóveis a gerente de restaurante, até me encontrar como Trader Esportivo e Investidor do Mercado de Apostas”. Assim ele se apresentava no site da Alphabets. “Conheci o mercado de apostas como a maioria das pessoas, perdendo dinheiro. Até ver uma oportunidade e perceber o mercado de uma maneira diferente, como investimento! Atuo como Trader com 4 bancas em operação e mais de 500 alunos lucrando através dos nossos esforços e estratégias de entradas. Hoje alcancei uma tranquilidade financeira e faço o meu dinheiro render como nenhum outro investimento através do nosso robô de operações esportivas”.
Na semana passada, a busca pelo dinheiro fácil atingiu os usuários do Mercado Good, um aplicativo que pagaria dinheiro para quem assistirem vídeos. O vendedor Bruno Ferreira seria uma das vítimas. Em entrevista a uma emissora de TV na região, ele contou que estava participando de alguns grupos com várias pessoas que também foram lesadas, e revelou que alguns chegaram a investir o próprio salário, o dinheiro do aluguel, ou até mesmo recorreram a empréstimos, para adquirir um aplicativo que prometia retorno financeiro rápido, em até três dias. Para ganhar dinheiro, a proposta era simples: bastava o cliente comprar o acesso vip, que custava entre R$ 90 e R$ 12.600, assistir vídeos sugeridos pelo aplicativo, curtir e comentar, e ganhar recompensas que variavam de R$ 3 a R$ 420 ao dia, R$ 90 a R$ 12.600 ao mês, ou R$ 1.080 a R$ 151.200 ao ano. O Bruno Ferreira investiu R$ 8.400, e teria sido incentivado pela plataforma a convidar mais amigos, ampliando sua margem de lucro.