Casa de Wolney Teixeira pode dar lugar a loja de roupas
Enquanto ação judicial se arrasta, imóvel do renomado fotografo se deteriora
Parte da história de Cabo Frio pode se perder por conta da abertura de mais uma loja de vestuário. Desta vez, o local pode ser um dos pontos emblemáticos do município: a casa do fotógrafo Wolney Teixeira de Souza (1912-1983), localizada no Centro da cidade e que por conta de uma disputa judicial, amarga deterioração provocada pelo tempo.
A Prefeitura, por sua vez, através da secretaria de Cultura, afirmou ter feito pelo menos três propostas de aquisição da casa ao novo proprietário, que, no entanto, se mostrou irredutível quanto à venda do imóvel. Segundo José Facury, ex-secretário da pasta, o governo está de mão atadas.
– O acervo é muito caro e só a manutenção do material seria de R$ 2 mil mensais. A prefeitura comprou 54 fotografias de Wolney, que estão no Centro de Artes Visuais (CAV). Manifestamos interesse, mas a família também teve proposta de venda e o novo proprietário recusou nossas ofertas. O atual dono quer fazer uma fábrica de roupas ao estilo da Rua Teresa, em Petrópolis – explicou Facury.
Segundo ele, a primeira oferta foi de alugar a casa, a preço de mercado. A prefeitura seria encarregada das melhorias e faria um museu da imagem de Cabo Frio, durante um contrato de 10 anos. Em outro momento, a proposta passou a ser a compra do imóvel, pago em prestações ao longo dos anos, e a recuperação da casa. Mais uma vez não houve acordo.
Na terceira e última tentativa, a proposta do Instituto Municipal do Patrimônio Cultural (Imupac), órgão ligado a prefeitura, era de recuperação de 5 metros da linha da casa até os fundos, feita pelo proprietário, em que o uso seria livre. O restante poderia ser usado para abrigar as fotos.
Segundo ele, atualmente a casa está interditada pelo Ministério Público após solicitação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O motivo teria sido o aval para o parecer de venda, que foi dado pelo Conselho Municipal de Cultura, no início dos anos 2000.
– Na época, o conselho não tinha autoridade para averbar a venda e por isso o Iphan entrou com ação – explicou Facury.
*A matéria na íntegra está no suplemento F+ da edição impressa deste fim de semana.