A proposta de fazer uma festa de réveillon menor do que as que eram realizadas em anos anteriores decepcionou turistas que escolheram Cabo Frio para a virada do ano. Mesmo que a Prefeitura tivesse anunciado, ao longo do mês passado, que a festa seria de baixo custo, por causa das dificuldades financeiras e da dificuldade para pagar o 13º salário dos servidores, visitantes entrevistados pela Folha demonstraram insatisfação com a queima de fogos e os shows escolhidos. Outra reclamação constante está relacionada ao som alto nas ruas. Por outro lado, os entrevistados destacam as praias e as belezas naturais como pontos positivos da cidade.
Uma das mudanças desta vez foi que os fogos partiram de um único ponto, o Forte São Mateus, em vez de serem disparados em balsas ancoradas no mar.
Os primos Mariana Pacheco e Wesley Pacheco (foto), de São José do Vale do Rio Preto (RJ), passaram a virada do ano na Praia do Forte. Segundo eles, uma mulher que passou mal na frente deles foi socorrida pelas pessoas que estavam ao redor.
– Achamos a festa bem fraca. Os fogos e os shows. Em outros anos era muito melhor. Tinha que ser mais animada. E também não vimos nehuma ambulância. Uma menina passou mal na nossa frente e demorou muito tempo para conseguirem socorrer. O pessoal na areia que se juntou e para levá-la – disse Mariana.
Por meio de nota a Prefeitura disse que "o esquema de socorro médico funcionou de sexta (28) a quarta (02) pela manhã, das 20h até o final dos shows, a fim de atender moradores e turistas que participaram dos eventos da virada em Cabo Frio”.
Taynara Costa e Yam da Silva, de Nova Friburgo (RJ), acreditam que, pela quantidade de pessoas que estavam na praia, a festa deveria ser maior.
– Os fogos foram muito fracos. A pior queima de fogos que eu já vi aqui. Deixou muito a desejar. Estão dizendo que tinha 700 mil pessoas na praia, é muita gente para uma festa tão pequena como foi. Tem que dar uma moral para o réveillon – disse Yam.
A Prefeitura afirma que “a iniciativa de fazer uma festa mais adequada à realidade financeira da cidade partiu do prefeito, Dr. Adriano Moreno”.
Ainda segundo a Prefeitura, “para se ter uma ideia da economia, em anos anteriores, com queima de fogos instalados em balsas, seguida de shows com artistas nacionais, a festa chegou a ultrapassar a soma de R$ 3 milhões do orçamento publico. Neste ano a Prefeitura investiu R$ 98 mil em fogos e aproximadamente R$ 200 mil, nas estruturas montadas na Praia do Forte e em Tamoios. Os shows com artistas locais foram sem custos para a Prefeitura”.
O prefeito Adriano Moreno comemorou que a cidade tenha ficado movimentada no período.
– Estamos olhando para o futuro com os pés no chão. O momento é de austeridade, com uma festa mais singela. Conseguimos pagar o 13º do funcionalismo público de forma integral, coisa que não acontecia há anos. Tivemos um revéillon bonito, de muita paz e sem maiores incidentes – disse o prefeito.
Isabela Salles e Rogério Jardim, de Niterói (RJ), frequentam Cabo Frio há muitos anos. Rogério diz entender que a festa do réveillon tenha diminuído, mas achou estranho não ter ouvido a tradicional contagem regressiva.
– Os fogos diminuíram muito, né. Mas tudo bem, tem essa questão de economizar, a gente entende. Mas o que achei mais estranho é que não teve nem uma contagem regressiva. Todo ano tem. Dessa vez, quando vimos os fogos já estavam saindo e era meia noite. Ficou estranho – apontou Rogério.
Apesar de Rogério não ter ouvido, a Prefeitura disse que a contagem regressiva foi feita como ocorre tradicionalmente.
Já para Isabela, o principal problema é o som alto na orla da praia.
– O som alto é insuportável. Incomoda muito para dormir. A gente está dormindo com protetor de ouvido. Essa noite soltaram uma bomba (para dispersar as pessoas) de tão grande que era o tumulto – reclama ela.
O som alto também é o principal problema na opinião de Rose Almeida, moradora de Juiz de Fora (MG), hospedada em um apartamento alugado na orla da Praia do Forte com a irmã Maria Aparecida Almeida e as sobrinhas Graziele Rodrigues e Francielen Rodrigues.
“É um funk alto e indecente a noite toda”, afirma.
Sobre o som alto a Prefeitura disse que realizou "diversas operações junto com a PM para coibir o som alto. Foram apreendidos 20 carros de som e 26 equipamentos”.
A sobrinha de Rose sentiu falta de mais limpeza na areia da praia.
– Achei a praia mais suja dessa vez. Pouca gente limpando a areia. Claro que isso é culpa de todos, dos turistas também – opinou Graziele.
Sobre a limpeza, a Prefeitura de Cabo Frio informou que, em quatro dias, recolheu mais de 2 mil toneladas de lixo em todo o município, e que somente nas praias, na noite da virada, foram aproximadamente 400 toneladas.
- Na Praia do Forte, onde acontece a principal festa da cidade, o trabalho de limpeza da após a virada do ano só foi concluído na noite de terça-feira (1), quando os frequentadores liberaram a areia para o acesso das máquinas. Cerca de 270 toneladas de lixo foram retiradas com o auxílio de oito retroescavadeiras, quatro tratores, duas pás carregadeiras, 27 caminhões e 300 funcionários - diz a nota.
Morador de Volta Redonda (RJ), Gustavo Deccache, que tem casa em São Pedro da Aldeia e frequenta a Praia do Forte, em Cabo Frio, tem a impressão de que a cidade está ainda mais cheia. Mas diz que está tentando sair em horários em que o trânsito está mais tranquilo.
– A cidade está bem cheia. Parece que cada ano que passa mais gente vem para Cabo Frio. A limpeza da praia eu acho que está legal. O trânsito, apesar de bem complicado, eu acho que está um pouco melhor do que em anos anteriores, talvez porque eu esteja vindo para a praia mais cedo também. Com filho pequeno é melhor vir mais cedo – fala Gustavo ao lado do filho Pedro, de dois anos.
Por meio de nota a Prefeitura disse ainda “Cabo Frio continua sendo o local escolhido por milhares de turistas para a celebração de Ano Novo. Cerca de 800 mil visitantes passaram o Réveillon na cidade. Foram 10 minutos de queima de fogos, que este ano estavam baseados no Forte São Matheus, proporcionando visibilidade ao longo de toda a Praia do Forte e de outros locais”.
