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Prefeitura de Cabo Frio abre sindicância para apurar agressão contra ambulantes

Pelo menos três casos ganharam repercussão em apenas 24 horas, inclusive envolvendo um turista e um estudante

20 fevereiro 2025 - 09h38Por Redação
Prefeitura de Cabo Frio abre sindicância para apurar agressão contra ambulantes

Uma das promessas de campanha do prefeito de Cabo Frio, Serginho Azevedo, o “choque de ordem” na Praia do Forte deixou de ser uma expressão figurada e passou a ser literal, com uma série de denúncias de agressões e até mesmo do uso de máquina de choque contra pessoas abordadas. Somente na última quarta-feira (19) três casos chamaram a atenção. Em um deles a vítima foi Felipe Azevedo, morador da Gamboa, em Cabo Frio. Ele foi abordado e contido por cerca de seis agentes municipais enquanto um sétimo o agredia com golpes de cacete. Todo o caso foi filmado e mostra o momento em que outro ambulante se aproxima, pega na areia o boné de um agente, que havia sido levado pelo vento, e também acaba recebendo golpes de cacetete.

Felipe registrou o caso na delegacia de Cabo Frio. Ele contou que ao ser abordado na beira da praia, os agentes pediram que ele subisse até o calçadão porque toda a mercadoria dele seria apreendida. Para não perder o material, o ambulante disse que deixaria a praia, mas acabou sendo cercado pelos agentes. Disse ainda que atua como ambulante na Praia do Forte há 5 anos, mas que desde o dia 1º “está havendo muita opressão”.

– Estão realmente agredindo, dando de cacetete. Estou com meu braço todo inchado. Acabei de vir da UPA. Minha testa tá inchada, a canela sangrando. Fui para a praia trabalhar, em mais um dia normal, mas fui cercado pelos guardas da postura, que tentaram apreender minha mercadoria. Eu não permiti, por causa do meu prejuízo. Eu pedi autorização pra trabalhar na praia há três anos, e até hoje não saiu. Então eu reagi, fiz força pra não deixar que eles levassem minha mercadoria, e aí um guarda me enforcou por trás, outro segurou meus braços. Tinha uns 10 guardas ali, e um outro me batendo com cacetete. E mesmo depois de contido, ainda jogaram spray de pimenta em mim - relatou em vídeo que circula na internet.

Em outro vídeo, um estudante de psicologia, identificado como Ramon, conta que foi agredido pelos agentes de posturas da Prefeitura de Cabo Frio após ter sido confundido com o mesmo Felipe do caso anterior.

– Eu estava passeando pela orla da Praia do Forte, de bicicleta, aí os agentes da Romu me seguraram pelo braço e me bateram com cassetete nas costas e no peito alegando que estavam procurando o Felipe. Eu acho que esse tratamento comigo foi de racismo. Isso que aconteceu comigo não pode acontecer com outros cidadãos de bem, que trabalham honestamente - contou Ramon, que tentava registrar boletim de ocorrência por crime de racismo.

Antes destes dois casos, um outro vídeo mostra um turista sendo abordado pelos agentes. Ele foi acusado de estar ajudando um ambulante que também atuava sem licença. Neste vídeo, um agente que bate boca com um turista confessa ter usado choque elétrico contra o visitante.

Após a repercussão negativa dos casos, Serginho convocou reunião com representantes da Posturas e Guarda Municipal para determinar mudanças na forma de abordagem. O chefe do Executivo cabo-friense também anunciou que já instaurou sindicância para apurar os casos.

– Desde o início, sempre deixei claro para toda a equipe envolvida no ordenamento da cidade que não quero ninguém mexendo com quem está trabalhando para levar o sustento para casa. Já tratei disso quando organizamos a questão das motos barulhentas e reafirmo agora: o trabalhador precisa ser respeitado.Os fatos ocorridos na Praia do Forte precisam ser analisados com responsabilidade. Já ouvi a versão da Guarda e sei que toda ação tem dois lados. Mas quero deixar claro que, assim como não permitimos desordem na cidade, também não podemos permitir que o trabalhador seja impedido de exercer sua atividade. Isso não significa carta branca para o descontrole. Seguiremos firmes no ordenamento da orla, impedindo abusos, ocupação irregular e bagunça. Mas isso deve ser feito sem prejudicar aqueles que trabalham de forma honesta para sustentar suas famílias - explicou Serginho, afirmando que “não compactuo com violência ou qualquer tipo de agressão”.