As ruínas do antigo Hotel Acapulco, no bairro Braga, em Cabo Frio, serão demolidas nos próximos dias, ainda antes do carnaval, que este ano começa no dia 1º de março. O anúncio foi feito pelo prefeito da cidade, Serginho Azevedo.
O prédio está localizado em cima de área de dunas. Documento de registro de imóveis obtido pela Folha revela que ele pertencia à empresa Luna Village Hotel Ltda. Em 2009 a Companhia Obrasin de Turismo incorporou o ativo ao seu patrimônio pelo valor de R$ 1.736.090,20. Em 2012, no entanto, a 1ª Vara Federal de São Pedro da Aldeia determinou a indisponibilidade dos bens das duas empresas por conta de uma execução da Fazenda Nacional.
Já a derrocada do hotel começou após uma ação judicial determinar que ele não poderia mais funcionar por estar numa área de preservação ambiental permanente. Na época, o empreendimento (com mais de 10 mil metros quadrados de área e considerado três estrelas) tinha 60 apartamentos, quatro suítes, um restaurante com capacidade de 100 pessoas, uma quadra de areia para futebol e vôlei, sauna seca a vapor, jardim, playground, três piscinas, dois salões de jogos, um auditório para capacidade de 80 pessoas com três salas de apoio e um amplo estacionamento.
Abandonado desde 2015, o prédio virou ruínas, e passou a ser utilizado para prostituição, uso de drogas e dormitório para pessoas em situação de rua. Na época, o Ministério Público Federal (MPF) chegou a cobrar informações do então prefeito Alair Corrêa sobre a possibilidade de desapropriação, demolição e recuperação ambiental do local. Sem respostas, o órgão denunciou Alair por omissão. Logo depois, em janeiro de 2016, a estrutura pegou fogo.
Em 2019, quando a demolição voltou a ser cobrada pelo MPF, o governo municipal cabo-friense revelou à Folha que o custo da ação girava em torno de R$ 2 milhões. Disse ainda que o valor deveria ser cobrado do proprietário do imóvel, e que todo o trabalho duraria em torno de três meses. Mas nada aconteceu.
Em 2021, logo após um corpo ter sido encontrado nos escombros, o Ministério Público decidiu retomar o processo de desapropriação da área (que havia sido arquivado em 2014 após a Prefeitura ter comprovado o ajuizamento de ação contra os proprietários do prédio). O então prefeito José Bonifácio chegou a vistoriar o prédio para a possível implantação de um hotel escola do Senac, que acabou sendo instalado em outro local.
Sem nenhuma solução efetiva, no início de 2024 o MPF determinou que o governo Magdala Furtado providenciasse a demolição de toda a estrutura, assim como a remoção dos entulhos e recuperação da área de restinga. Mas a determinação não foi cumprida.
– Hoje nós temos um problema muito sério com relação às pessoas que têm dependência química do crack. No diálogo com a população existem ações que nós já estamos adotando. Uma delas é a derrubada da ruína do Hotel Acapulco, que tem aglomerado pessoas para uso de drogas. Já solicitei licença ambiental para isso, e antes do carnaval vamos demolir - garantiu Serginho esta semana.