Em dezembro deste ano Iguaba Grande pode se tornar o primeiro município da Região dos Lagos a ter uma praia da Lagoa de Araruama certificada com o Selo Bandeira Azul, um prêmio ecológico internacional concedido para praias, marinas e embarcações de turismo que tenham foco em gestão ambiental, qualidade da água, educação ambiental, segurança e serviços, turismo sustentável e responsabilidade social. O trecho que concorre à certificação é a Praia dos Ubás, localizada no início da área urbana do município, próximo ao limite com São Pedro da Aldeia.
A última vistoria técnica no local, realizada neste mês de setembro, foi acompanhada pelas secretarias de Meio Ambiente, Obras, Serviços Públicos e Turismo, e pela coordenadora do Programa Bandeira Azul na Região dos Lagos, Paloma Árias. O objetivo foi definir os últimos ajustes necessários para que a bandeira seja instalada na praia em dezembro deste ano.
– Os resultados da visita técnica foram positivos. Foi avaliada toda a infraestrutura que se deve instalar antes do dia 1º de dezembro para o cumprimento dos critérios. Até agora a Prefeitura de Iguaba já intensificou a limpeza da praia, vistorias e fiscalização periódica por parte da Secretaria de Meio Ambiente. Também já começou a realizar atividades de educação ambiental e informação Bandeira Azul na orla, e a confecção da sinalização e vagas de estacionamento novas na frente da praia. Falta apenas a instalação do banheiro para pessoas com deficiência, rampa e pérgola para guarda-vidas - sinalizou Paloma em entrevista à Folha.
Um dos requisitos obrigatórios para que qualquer praia receba o selo internacional é que ela seja considerada livre de despejo de esgoto, algo que há 30 anos seria considerado impossível em se tratando na Lagoa de Araruama, que chegou inclusive a ser considerada morta por alguns pescadores e ambientalistas.
À Folha, a Prolagos informou que entre as ações para se adequar aos critérios exigidos pela certificação internacional, estão a coleta e análise da qualidade da água das praias, que são feitas com o apoio da concessionária, assim como uma consultoria especializada que apoia as prefeituras que disputam o selo pela primeira vez. Além disso, em parceria com as prefeituras, a empresa apoia as ações de educação ambiental para conscientizar moradores, empresários e turistas, reforçando a relação de respeito com a natureza e preservação do meio ambiente, um dos critérios também analisados.
– Para transformar a Praia dos Ubás apta ao selo da Bandeira Azul, a Prolagos também inaugurou, faz pouco tempo, o cinturão da rede separativa que vai contribuir para que não haja mais despejo de esgoto no local. Para comprovar a ausência de esgoto, se faz coletas periódicas que são analisadas por um laboratório independente no Rio, que têm autorização do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para analisar esses parâmetros. Além disso, a diretoria de meio ambiente realiza vistorias e fiscalizações a respeito da empresa Prolagos - reforçou Paloma Árias.
Segundo a Prolagos, para blindar a Lagoa de Araruama do despejo de esgoto já foram implantados 38 km de cinturão coletor, que contribuíram com a melhoria da qualidade ambiental da lagoa, resultando em recordes de pescado e desenvolvimento do turismo local. Em complemento, a concessionária disse que está investindo mais de R$ 50 milhões na implantação de 26 km de cinturão.
A entrega da licença ambiental do Inea, que autoriza a construção do cinturão no entorno da Lagoa de Araruama, foi feita em março de 2022 durante evento do Governo do Estado do Rio de Janeiro no auditório da Universidade Veiga de Almeida, em Cabo Frio. O início das obras aconteceu em agosto do mesmo ano, e começou pela Praia dos Ubás, em Iguaba Grande. No local, foi implantado um quilômetro de rede que recebe o esgoto que sai dos imóveis, sendo interligado ao trecho que já está em operação.
Também foi construída uma caixa de captação em tempo seco, que intercepta os resíduos e impede que eles sigam para a Lagoa, e uma estação elevatória, que bombeia o material coletado até a Estação de Tratamento de Esgoto da cidade. Nos próximos anos será implantado ainda um novo trecho de cinturão no Parque Alvorada e, em reforço ao sistema, o Rio Salgado também será protegido por redes coletoras que receberão o esgoto que sai dos imóveis dos bairros Iguabela e Estação, evitando que caiam in natura no rio.
Por conta de todos esses investimentos, que são acompanhados de perto pelos representantes do selo internacional, Paloma Árias garantiu à Folha que não são verdadeiras as denúncias de que ainda há despejo de esgoto in natura na Praia dos Ubás, no trecho próximo às casuarinas.
– Não existe despejo irregular ali. O que existe é a cabeceira do Rio Ubás. Como tem o cinturão naquele trecho, feito recentemente, não tem nenhuma saída de esgoto lá. É água doce. Além disso, a fiscalização do meio ambiente está constante no local fazendo verificações - afirmou a coordenadora da Bandeira Azul na região.
Segundo a Prolagos, Iguaba Grande, assim como toda área de concessão da Prolagos, é atendida pelo serviço de esgotamento sanitário no modelo coleta em tempo seco. Para os próximos anos, a concessionária irá investir aproximadamente R$ 1 bilhão em saneamento, focando também na implantação da rede separativa, que irá atuar em complemento ao sistema vigente, visando atender 50% da população das cidades de Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia. Somente em Iguaba, está previsto a implantação de mais de 50 km de rede coletora no plano de investimentos da concessionária, que aguarda aprovação da Agência Reguladora para início das obras.
“Em 25 anos de concessão, a Prolagos investiu mais de R$1,4 bilhão em saneamento básico, representando mais que o dobro de investimentos realizados por habitante, do que a média nacional, de acordo com o Instituto Trata Brasil. Em 1998, não existia tratamento de esgoto e todos os dejetos iam direto para a Lagoa de Araruama e praias da região. Neste ano de 2023, segundo a Prolagos, 80% do esgoto de toda a região é coletado, e 100% do material captado é tratado em uma das sete estações operadas pela companhia” - disse a concessionária em nota enviada ao jornal.
Além da Praia dos Ubás, em Iguaba Grande, outras duas praias da Lagoa de Araruama concorrem ao selo internacional da Bandeira Azul.
– A Praia das Pedras de Sapiatiba, em São Pedro da Aldeia, está com o manejo da vegetação autóctone da área. Funcionários do Inea estiveram na praia avaliando e vão enviar projeto para o correto manejo. Até agora foram realizadas mais de 120 coletas de água, todas com um resultado ótimo de balneabilidade, além da aquisição da infraestrutura necessária, instalação de vagas de estacionamento e sinalização. Em Arraial do Cabo a praia da Ponta da Alcaíra (também chamada de Arubinha), entre Figueira e Monte Alto, está começando com as primeiras vistorias. Recentemente foi criado o grupo gestor para começar o estudo da área a ser candidata, e ver as possibilidades e que ações devem ser feitas para adequação dos critérios - contou Paloma.
A coordenadora do Bandeira Azul na Região dos Lagos também reforçou a importância do selo para o turismo e qualidade de vida dos moradores da cidade onde a certificação é concedida.
– Receber a Bandeira Azul é conquistar a maior premiação global dedicada à gestão de praias, marinas e embarcações de turismo. Entre os princípios do selo estão a educação ambiental com engajamento dos participantes; empoderamento para ações com base em conhecimento na vida real; incentivo ao envolvimento comunitário; auxílio no desenvolvimento de pensamento crítico; integração à cultura local e meio ambiente; incentivo ao compartilhamento de experiências; exploração, teste e compartilhamento de novas abordagens, técnicas e metodologias, e garantia de evolução das ações através do monitoramento e avaliação dos programas. No caso das praias, o selo garante ainda que a qualidade da água é excelente, com coletas periódicas, informação destas coletas no painel informativo na praia, junto com informação ambiental das áreas sensíveis, informações sobre segurança. Garantirá a execução de projetos de educação ambiental na praia durante a época da temporada alta; além de acessibilidade, segurança, ordenamento da orla e visibilidade internacional no setor ambiental e turístico - explicou Paloma.
