A recente oscilação no preço do barril de petróleo, que em março chegou a US$ 72,77, e, esta semana, passou de US$ 87, tem gerado apreensão em alguns setores da economia. Isso porque o valor do petróleo e do dólar estão diretamente ligados e costumam afetar itens de consumo que influem na inflação. Segundo especialistas, a queda no preço do barril registrada em meados de março foi uma das menores nos últimos 15 meses e teve seu foco na crise econômica americana e europeia.
Em conversa com a Folha, o economista Leandro Cunha explica que, apesar dessa volatilidade, o valor deve se manter estável ao longo do ano e sem grandes prejuízos, inclusive, para a arrecadação dos royalties por parte das prefeituras, com certa estabilidade no preço do combustível para o consumidor final.
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Em março houve uma queda acentuada, e isso tem muito a ver com a questão da crise econômica nos Estados Unidos, na Europa, com fatores como a taxa de juros. Mas, em abril, houve uma recuperação razoável. As projeções para o futuro vão depender do apetite global (da China, principalmente) pelo petróleo e da continuidade da guerra da Ucrânia. Como a China deve manter a demanda aquecida (as projeções mostram que ela deve aumentar um pouco mais o consumo de petróleo), a previsão é de que o preço do barril se mantenha em torno de US$ 80 / US$ 85 ao longo deste ano. Se você for olhar desde o ano passado, o preço do barril variou em torno de US$ 90 / US$ 95, chegando a ficar abaixo de US$ 80 em alguns momentos, que vem sendo o valor médio – lembra o economista.
Outro fator diretamente ligado à variação de preço no petróleo é a arrecadação de royalties por parte das algumas prefeituras brasileiras. Sobre isso, Cunha afirma que, embora neste primeiro trimestre de 2023 ela possa ser um pouco mais baixa, para o resto do ano deve se manter dentro de um patamar meio estável.
– Com relação aos royalties do petróleo, a gente tem três componentes: a produção (a Petrobras tem, progressivamente, mantido sua produção, inclusive aumentado, mesmo que lenta e gradativamente); o dólar, que pode ter caído agora para R$ 5, mas deve se manter entre R$ 5,25 / R$ 5,30; e o barril de petróleo se recuperando, chegando a US$ 85. Por tudo isso, eu não acredito que este ano haja nenhuma queda brusca na arrecadação dos municípios. A queda que tinha que ter foi do ano passado para este ano com o início da guerra da Ucrânia. Isso fez com que o preço dos barris subisse acima de US$ 100. Mas para este ano não deve ter nenhuma oscilação muito grande.
