Quando os mais novos associam a estrela Brigitte Bardot com o estrelado balneário de Búzios, provavelmente vem à cabeça a atmosfera de glamour que costuma cercar celebridades desse quilate e balneários desse quilate. A impressão, no entanto, é bem diferente da de Bardot, que no livro Répliques e Piques, que acaba de ser publicado, compara sua estadia em Búzios com a vida de Robinson Crusoé, um famoso náufrago da literatura que vivia cercado de canibais e em situação para lá de precária. O tom, no entanto, é amoroso:
– Guardo recordações únicas. Uma lembrança mágica, magnífica. Na época era apenas uma aldeia de pescadores sem água encanada ou eletricidade. Vivíamos como Robinson Crusoé em praias selvagens e desertas. As ruelas eram cheias de leitões pretos e galinhas. Nós vivíamos de pesca, farofa, mangas e muito sol – disse a musa de Godard, hoje aos 82, sobre sua estadia de cerca de três meses no balneário com o namorado, o franco-marroquino Bob Zagury.
Brigitte, por outro lado, muda de tom ao vislumbrar a cidade como é hoje.
– Foi o lado selvagem do lugar que me seduziu. Mas o que Búzios se tornou hoje me deixa atordoada. É uma pena – complementa, em entrevista exclusiva à Rádio Francesa Internacional.
Afastada do cinema, a francesa, na conversa com a RFI, falou ainda sobre sua nova ocupação: a luta pela defesa dos animais, que ela empenha há 40 anos.
– Com exceção de algumas poucas iniciativas, quase nada mudou. Claro que há uma conscientização da opinião pública, mas esse não é o caso do lado dos políticos – lamenta ela, que vive reclusa na Mandrague, sua casa em SaintTropez, no sul da França.