Cabo Frio, 2014/2015: Pablo Souza, 23 anos, Avenida Teixeira e Souza; Renilton da Conceição, 53, Rua Jorge Lóssio; Marciano José de Oliveira, 62, Avenida Júlia Kubitschek; Raquel Oliveira, 38, Ponte Feliciano Sodré; Celso Brito, 60, Avenida Wilson Mendes. Iguaba, 2015: Homem não identificado, 65, Rodovia Amaral Peixoto. São Pedro da Aldeia, 2014: Felipe Santos, 20, Rodovia Amaral Peixoto. Arraial do Cabo, 2014: Aline Rodrigues, 28. Em comum, essas pessoas compartilhavam o desafio de circular de bicicleta em cidades sem infraestrutura cicloviária básica.
Como resultado, seis mortes em cerca de um ano e nenhuma solução à vista. Para que casos assim não se repitam, ciclistas e entidades civis têm uma lista de sugestões: ciclovias, sinalização, campanhas educativas para motoristas e ciclistas, acostamentos em vias de grande velocidade, corredores para veículos menores, além de planejamento para reduzir impactos no trânsito.
– Cabo Frio não tem estrutura básica. Vias movimentadas carecem de sinalização. A imprudência na cidade cresce quase que na proporção da quantidade de veículos. Tem que haver investimento em todos os setores. Uma audiência pública seria uma ótima iniciativa, por exemplo – destacou Marco Souza, um dos diretores da Associação Ciclística de Cabo Frio (Acicaf).
O advogado Renato Gonçalves, diretor da OAB Cabo Frio aponta falha do poder público em preparar a cidade para o morador. A maior crítica se refere às condições das estradas, que “fazem com que Cabo Frio pareça uma cidade de rali”.
– Pedágio é caro, IPVA é caro e isso não se reflete em investimentos nas estradas, que são esburacadas. A RJ-140, que liga Cabo Frio a Arraial, é vergonhosa. O poder público tem que oferecer contrapartida, que é estrutura. Por sua vez, motoristas precisam andar dentro das normas, já que a maioria dos acidentes acontecem por excesso de velocidade – considerou.
A falta de um plano de mobilidade é discussão antiga no município e que recorrentemente emperra em algum entrave, seja burocrático, seja de vontade política. Ou de ambos. Recentemente, a Prefeitura de Cabo Frio perdeu prazo para garantir verbas federais para investimento em mobilidade justamente porque não apresentou plano para o setor. Agora, os recursos terão que sair dos cofres municipais.
Na região, apenas Búzios e Rio das Ostras cumpriram determinação da lei 12.587, que determina integração entre diferentes modos de transporte, além de melhoria de acessibilidade. A RJ-140, por exemplo, onde a enfermeira Aline Rodrigues foi atropelada e morta, é um dos pontos críticos de acidentes.
Segundo Luciano Silveira, que é presidente da Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (Asaerla), a discussão e aplicação de um plano de mobilidade se faz urgente e necessária para a cidade.
– A Prefeitura não se mobilizou sobre o plano da cidade, perdeu recursos significativos. Passou da hora de abrir a discussão sobre esse tema. É frequente o problema com ciclistas. Vamos tentar novo encontro, mas apelamos para que o governo faça essa discussão – concluiu.