Os vendedores do Shopping da Praia, na Rua Francisco Mendes, próxima à orla, calculam o prejuízo financeiro com a obra de manutenção. Os comerciantes estão revoltados com quase um mês de portas fechadas neste ano. E tem lojista que acumula um déficit de mais de R$ 40 mil. A empreiteira responsável informou que os empresários estavam cientes de todo o processo da reforma e alertou à necessidade do serviço. Quatro lojas abriram ontem.
– Está prejudicando muito. A reforma quebrou meu teto e a chuva cai dentro do meu restaurante. A parede está rachada em vários pontos por causa da chuva. Tive que fechar durante 22 dias e deixamos de lucrar cerca de R$ 44 mil. Tenho que pagar o aluguel e os funcionários, mas essa obra atrapalha – protesta o proprietário Luiz Carlos Pires, 57, que abriu o restaurante mesmo com comunicado de fechamento da empreiteira.
Lauro Cernicchiaro, 50, dono de lanchonete, revela não estar com uma boa saúde financeira. O empresário já fez duas demissões em somente três meses.
– Fecharam a entrada onde passavam a maioria dos clientes. Não estou em condições de manter os funcionários que quero. As minhas vendas despencaram em 70%. Levei um prejuízo de quase R$ 10 mil. Os lojistas não aguentam o impacto econômico. O aluguel aqui da galeria é muito caro e precisamos ter um faturamento bom para pagar.
O proprietário Ariosto Júnior, 42, admite a necessidade da reforma. Mas, o comerciante está preocupado com o fraco desempenho nas vendas.
– A obra é completamente bem vinda para a galeria. Mas desde que abale o mínimo possível no nosso comércio. O síndico não está preocupado com as nossas vendas. Mandar fazer a reforma e criticar é muito fácil. Está muito difícil conviver sem o aparecimento dos clientes e até fechar por várias vezes. As pessoas não passam por aqui por causa da obra. O movimento não é nada forte na baixa-temporada e fica pior – afirma.
Mas há quem tenha compreensão mesmo com os prejuízos. O comerciante Sergio Santos, 58, não vê problemas muito grandes na manutenção.
– É só mais uma fase que devemos enfrentar. O estado em que o prédio se encontrava colocava a vida de pessoas em risco e devemos levar isso em conta. Não posso reclamar da obra. A obra prejudica, mas tem que haver uma colaboração dos empresários. Não quero reclamar. Vou fazer a minha parte pelo que é realmente necessário.
A corretora Iracema Sanchez, 58, proprietária de um apartamento no prédio, não pensou duas vezes antes de sair em defesa da empreiteira. Segundo ela, uma pedra caiu na cabeça de uma turista.
– Os lojistas querem fazer escândalo. A queda de uma pedra numa turista levou o prédio à justiça. E não devemos fazer a reforma? É crítica de alguns comerciantes contra 96 moradores. Nenhum morador está reclamando. O problema é que os comerciantes não podem fazer nenhum sacrifício. Nem quando a urgência da reforma está em evidência. A obra está certa e não podemos parar em momento nenhum – rebate.
O dono da empreiteira, Gustavo Félix, se sente injustiçado com as críticas.
– As reclamações são injustas. É uma galeria em frente à Praia do Forte e que conta com grande movimentação. Por isso, os lojistas sentem a diferença enorme. Mas a empreiteira fez uma assembleia para começar a reforma. Eles sabiam de todo o processo e os dias em que o shopping iria ser fechado. A obra era o mínimo que o prédio poderia fazer. Já teve pedra caindo em cima de um carro. Os condôminos estiveram cientes há muito tempo.