Uma jovem de São Pedro da Aldeia, ex-aluna da rede pública de ensino, conquistou, este mês, o primeiro lugar no Programa Caça Asteroides MCTI 2024, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil, em parceria com a International Astronomical Search Collaboration (IASC), da Nasa. Conforme notícia veiculada na edição impressa da Folha do último fim de semana, o objetivo é engajar estudantes, professores e amadores em atividades de ciência cidadã, promovendo a identificação e o monitoramento de asteroides. Com apenas 23 anos, Luiza Arievilo foi responsável pela catalogação de 30 asteroides entre abril e setembro deste ano, seis a mais do que o segundo colocado. A premiação aconteceu no último dia 9, no Museu Nacional da República, em Brasília.
Com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso (SEDUC/MT), o edital ofereceu cerca de três mil vagas para professores da Educação Básica da rede pública ou privada, professores universitários, estudantes do ensino fundamental I e II (2º ao 9º ano), ensino médio, EJA, acadêmicos, astrônomos, astrônomos amadores, escolas privadas, escolas públicas, e clubes de ciências e clubes de astronomia.
– A gente recebe um pacote de imagens captadas pelo telescópio PAN-STARSS, de uma Universidade no Havaí. Eu analiso pelo software disponibilizado pela Nasa em parceria com IASC. Quando detecto um asteroide, o software gera um relatório e eu envio no site da IASC. Assim que for confirmado, se torna um asteroide preliminar, e passa por algumas análises até se tornar provisório e, só depois, ganhar um nome. Essas análises demoram de 6 a 10 anos - revelou a campeã do desafio, lembrando que além de ser um meio de popularizar a ciência, as detecções de asteroides podem contribuir para a proteção do planeta. “Quando um asteroide é localizado, é possível monitorar a trajetória dele e assim descobrir ameaças de colisões com a Terra” - explicou.
Ex-aluna do Colégio Estadual José Rascão, em São Pedro da Aldeia, Luiza é vice-presidente da Liga Amadora Latino-Americana de Astronomia e astronauta análoga.
– Quando criança, gostava de ver o céu com a minha mãe. Eram momentos mágicos que me despertavam curiosidade para saber mais sobre o universo. Além disso, tive professores na área da ciência que através da explicação me fizeram entender e me interessar mais por astronomia. Com 12 anos fui ao planetário e me encantei com cada parte daquele lugar. Era como se eu estivesse sendo abraçada pelo universo. Hoje eu faço missões espaciais em solo terrestre, simulando o espaço, seguindo rotina e fazendo pesquisas, desde elaboração de infraestruturas espaciais até os cuidados para saúde mental e física de um astronauta. Essas missões podem ser úteis para futuras missões espaciais - revelou.
Essas missões que Luiza faz acontecem através da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, responsável por coordenar e conduzir a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias relacionadas ao espaço. Criada em 1958, ela tem como objetivo principal explorar o espaço, expandir o conhecimento humano sobre o universo e promover inovações tecnológicas que possam ser aplicadas tanto em missões espaciais quanto em outras áreas, como ciência, engenharia e comunicação. A agência é reconhecida mundialmente por suas missões de exploração planetária, lançamento de satélites e desenvolvimento de programas espaciais, incluindo a chegada do homem à Lua e o estudo de outros corpos celestes.
– Esse ano, quando entrei para a Liga Amadora LatinoAmericana de Astronomia, iniciei em projetos de ciência cidadã no site da Nasa. Também participei de projetos de detecção de asteroides da Nasa com o MCTI e a IASC. Ser cientista cidadã me permite colaborar com pesquisadores e cientistas, além de fazer descobertas que podem ser significativas para a revolução científica - contou a jovem, que sonha em ser astrofísica, participar de pesquisas e descobertas, e levar seu projeto de astronomia para todos os lugares do Brasil. O objetivo, segundo Luiza, é incentivar cidadãos a serem cientistas. “O conhecimento é o primeiro passo para se tornar revolucionário. Sejam curiosos, questionem, estudem e não se esqueçam do que os motivam a sonhar” - incentiva Luiza.