Em mais um capítulo da crise no transporte público em São Pedro da Aldeia, o prefeito Fábio do Pastel anunciou que a Viação São Pedro voltará a fazer o serviço no município, a partir desta terça-feira (10). A medida foi tomada após um acordo emergencial entre o governo aldeense e a empresa do Grupo Salineira, feito depois que a V7Bus foi impedida de iniciar a operação pela Prefeitura por não apresentar a frota que seria utilizada. A decisão de não permitir que a nova empresa começasse o serviço foi tomada na noite deste domingo (8). Como resultado, milhares de passageiros ficaram a pé, sem ter como se locomover nesta segunda-feira (9).
Em coletiva de imprensa feita por videoconferência, o prefeito, acompanhado do secretário de Governo, Luiz Fernando Gomes Júnior, e do procurador-gerla do município, Peter Samerson, informou que uma nova licitção será feita entre 60 e 90 dias para que uma nova empresa seja escolhida para o fazer o serviço. Por sua vez, a V7 Bus foi inabilitada e não poderá fazer parte de outras concorrências públicas no município.
Segundo Júnior, apesar de a empresa, que foi a única a manifestar interesse, ter mostrado toda a documentação exigida, mostrou imagens da frota somente por fotos, sem comprovar, de fato, que tinha as condições necessárias para executar o serviço de transporte de passageiros. Segundo ele, não cabia prever se a empresa não seria capaz de operar no município, pois ela cumpiu as etapas exigidas no chamamento público.
– A partir do momento em que a empresa não apresentou os ônibus em quantidade e qualidade necessárias, não demos a ordem de começar a operação. Entendemos que a solução imediata é que fôssemos retornar as conversas com a Salineira. Eu e Peter fomos e retomamos a negociação no sentido de restabelecer o serviço até que possamos tomar uma atidae mais definitiva –explicou o secretário de Governo, salientando o prazo curto para buscar uma substituta para a Viação São Pedro.
Questionado sobre a contratação fracassada da V7 e a necessidade de dar uma solução em curto prazo, após a Viação São Pedro anunciar o fim das atividades, o prefeito defendeu as ações do governo.
– Em momento algum, estamos inertes. Viemos ontem (domingo) à Prefeitura para nos reunir. A Procuradoria estava cedo (na Salineira) para tentar fazer a negociação com prazo curto – comentou Fábio do Pastel, que confirmou que o município terá que subsidiar parte do preço da tarifa enquanto a Salineira voltar a operar provisoriamente.
No último dia 25 de abril, o Grupo Salineira anunciou o fim das atividades no município, em razão da crise financeira agravada pela pandemia de Covid-19 e a concorrência desleal do transporte alternativa. A Prefeitura, então, realizou um chamamento público, de forma em,ergencial, no qual a V7 Bus foi a única empresa a comparecer.
Em nota, o Grupo Salineira informou que, na manhã desta segunda-feira (9) recebeu "com surpresa" a notícia de que a população de São Pedro da Aldeia estaria sem transporte coletivo. A empresa disse que recebeu a solicitação da Prefeitura Municipal de São Pedro da Aldeia para em conjunto viabilizar a retomada do transporte coletivo em caráter emergencial, após a única empresa que compareceu ao chamamento público não cumprir com as exigências mínimas para prestar o serviço na cidade. A Salineira informou que, apesar da profunda crise financeira em que o sistema de transporte da Região dos Lagos atravessa, em respeito à população aldeense, atenderá à solicitação da Prefeitura de São Pedro da Aldeia com o retorno das linhas, horários e itinerários já operados pela Viação São Pedro, a partir desta terça-feira (10) sob o prazo de 60 a 90 dias até que seja realizado o processo de licitação.
Estudantes foram prejudicados
A falta de ônibus circulando no município nesta segunda-feira surpreendeu e irritou os aldeenses que precisavam se dirigir ao trabalho e à escola. Muitos alunos precisaram faltar a aula, ou tiveram que dar uma boa caminhada para não perder as atividades.
Juliana Souza, de 18 anos, é moradora do Recanto do Sol e esperou mais de uma hora, em vão, no ponto de ônibus. Teve que caminhar com outras quatro amigas até o Colégio Estadual Feliciano Sodré, no Centro, onde cursa o 3º ano do Ensino Médio. Acabou chegando bastante atrasada ao compromisso.
– É uma situação cansativa. Antes só tinha um ônibus e ia cuspindo gente, fora que as condições eram horríveis, aí a gente acordou cedo, um frio do caramba pra ficar mais de uma hora esperando um ônibus que ninguém viu a cor. Perdi duas aulas, perdi o lanche, cheguei cansada, peguei chuva, e depois vim trabalhar mais cansada que o normal. Chega ser humilhante, uma enorme falta de consideração – dispara.
Para a também estudante Bruna Ferreira, o dia foi perdido.
– Hoje fiquei em casa, pois o unico meio de transporte pra ir a aula que tenho atualmente é o ônibus. O carro da minha mae está impossibilitado de andar – comentou.