O Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RJ) fez mais de cinco mil autuações de exercício ilegal da profissão em todo o estado do Rio de Janeiro somente em 2023. A Região dos Lagos acumula 500 casos – a maioria deles em Cabo Frio. Em primeiro lugar está o Rio de Janeiro.
– Só em Cabo Frio foram cerca de 200 autuações. Em Araruama foi uma faixa de 100. O restante ficou demandado entre os municípios de Arraial do Cabo, Saquarema e São Pedro da Aldeia, chegando até Maricá – revelou à Folha o superintendente do Conselho, Marcus Limão.
Para Marcelo Moura, presidente do Creci-RJ, esse resultado em Cabo Frio não foi uma surpresa.
– Isso nada mais é do que o reflexo da nova política de fiscalização do Creci, que hoje é voltada para a proteção da sociedade, e não para fiscalizar o próprio corretor. Isso significa que a fiscalização está na rua exatamente para combater os contraventores, essas pessoas que estão aí para lesar a sociedade. E a gente percebe que na Região dos Lagos, como existe muito aluguel de temporada, e muitas casas vazias em que os proprietários muitas vezes não vão com frequência, esse índice aumenta. E quando a gente descobriu isso através de estatística, passamos a focar nossa fiscalização na Região dos Lagos. Todo mês estamos nas cidades da região, principlmente no carnaval, períodos de recesso de feriados, reforçando essa fiscalização. E temos visto que o resultado tem sido muito positivo - revelou.
Corretora de imóveis desde 2006, e proprietária de imobiliária em Cabo Frio desde 2012, Patrícia Cardinot também disse não ter ficado surpresa com o resultado do levantamento feito pelo Creci-RJ.
– A ação tem sido constante no combate daquilo que a gente chama de “zangões”, que são os falsos corretores. E o impacto disso nas imobiliárias legalizadas é total. Existem muitos golpes em que pessoas se passam por falsos corretores, mas também por falsos proprietários de imóveis. Eles criam falsos anúncios de aluguel de temporada em portais, na internet, nas redes sociais. E só quando a pessoa chega aqui descobre que não tem imóvel nenhum, mas aí já depositou os 50% e perdeu o dinheiro. E esses golpistas são tão detalhistas que chegam a fazer contratos falsos. Isso acaba sendo muito negativo para nossa imagem de corretores. Por isso é importante que as pessoas registrem ocorrência na delegacia quando houver esse tipo de golpe – revelou Patrícia.
Mas o presidente do Creci ressalta a necessidade de conscientização: negócios seguros devem ser feitos através de imobiliárias credenciadas pelo Conselho.
– Uma vez que essas pessoas são lesadas, vão procurar o Creci e descobrem que eles nunca foram corretores, sequer possuem imobiliárias. E aí, infelizmente, da pior maneira possível, a sociedade começa a perceber que, para ter segurança jurídica nos negócios imobiliários, para que ela possa fazer uma transação com segurança, ela deve procurar uma imobiliária credenciada ao Conselho - explicou.
À Folha, Patrícia relatou o caso de um cliente que foi lesado por um falso corretor que se passou como funcionário da imobiliária dela em um portal na internet.
– O sujeito chegou a fazer um contrato usando o CNPJ da Patrícia Cardinot Imóveis para fingir que trabalha com a gente. O cliente fez o depósito de 50%, e quando não conseguiu mais falar com o falso corretor, fez contato comigo pela rede social para saber sobre o aluguel e sobre o adiantamento já feito. Foi quando ela descobriu que caiu em um golpe. Imediatamente acionei o serviço de inteligência (P2) do 25º Batalhão da PM e a polícia civil, e eles descobriram o paradeiro dessa pessoa que se fez passar por corretor da minha imobiliária. Era um morador de Cabo Frio e acabou preso – revelou a empresária.