Técnicos da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa) estiveram na Região dos Lagos nesta quinta-feira (6) para fazer uma inspeção extraordinária em alguns pontos da Lagoa de Araruama. A ação foi motivada após a Folha enviar ao órgão vários vídeos feitos por pescadores e membros do movimento A Lagoa é Nossa. Além de revelar despejo de esgoto in natura no corpo hídrico, as imagens também exibem problemas causados pela “eutrofização” (fenômeno que ocorre como consequência do aumento de nitrogênio e fósforo provenientes do despejo de efluentes), como crescimento de algas, água estagnada, excesso de lodo e vegetação em decomposição.
A vinda do órgão regulador à região foi confirmada à Folha, na semana passada, pelo próprio órgão. “A Agenersa informa que fiscaliza a Prolagos ao acompanhar obras e vistorias periódicas no sistema operado pela concessionária. Contudo, diante das denúncias relatadas por meio da Folha dos Lagos, adianta que enviará imediatamente uma equipe técnica qualificada para a realização de inspeção extraordinária nas localidades apontadas, e tomará as devidas providências, informou a agência em nota".
A agenda começou por volta das 10h30 com uma reunião na sede da Prolagos. A agência foi representada pelo engenheiro Carlos Pessoa. O objetivo foi o de apurar mais informações sobre os problemas denunciados ao órgão pelo jornal. Em São Pedro, o cronograma incluía vistoria na estação de tratamento de esgoto (ETE) e em alguns trechos da orla mais afetados pela eutrofização, como a Praia do Mossoró. Em Cabo Frio a vistoria estava agendada na ETE da Praia do Siqueira e no trecho de lagoa do bairro.
Assim que tomou conhecimento das denúncias, a Folha enviou pedido de nota à Prolagos questionando o motivo do problema. A concessionária disse que “a Lagoa de Araruama possui características próprias que influenciam diretamente na sua aparência (direção e velocidade dos ventos, movimento de marés, índice pluviométrico, altas temperaturas e baixa profundidade)” e que “o sistema de esgotamento sanitário segue operando normalmente”.
No entanto, análises de balneabilidade feitas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) comprovaram a existência de problemas. O mais recente levantamento, feito no último dia 22 de janeiro, mostra que das oito praias lagunares analisadas pelo órgão em São Pedro da Aldeia, apenas uma (Praia da Aldeia) estava própria para banho. Outras sete, incluindo a Praia Linda, Praia do Centro, Praia da Pitória, Praia do Sol, Praia do Sudoeste, Praia do Balneário e Praia da Ponta D’Aldeia, foram classificadas como impróprias.
Não houve análise nas Praias do Mossoró, Camerum, nem na Praia das Pedras de Sapiatiba, que obteve o selo Bandeira Azul em 2023, com renovação em 2024. Em Cabo Frio a análise comprovou que a Praia do Siqueira continua imprópria. O resultado se repete há cerca de oito anos.
A situação do despejo de esgoto na Lagoa de Araruama também afetou Iguaba Grande: 100% das praias lagunares na região central da cidade estão impróprias para banho de acordo com a mais recente análise do Inea. Isso inclui a Praia dos Ubás, detentora do selo internacional Bandeira Azul desde 2023. O resultado da vistoria da Agenersa deve ser anunciado nos próximos dias.