Turistas, moradores e visitantes da Praia do Siqueira notoram, nas últimas semanas, o surgimento de muitas algas na orla da Lagoa de Araruama. O fenômeno, chamado de “eutrofização”, é causado, segundo especialistas, pelo aumento de nutrientes na água, como nitrogênio e fósforo, provenientes do despejo de esgoto. Em conversa com a Folha, o biólogo Eduardo Pimenta confirmou que o problema é mais comum nesta época do ano.

– Alta temporada, aumento de três a cinco vezes da população, período de muita chuva, sistema de tratamento a tempo seco (quando chove, as comportas são abertas, e os efluentes são despejados na lagoa), e aí, pontualmente, acontece esse fenômeno em cerca de 15% a 20% da lagoa nessa época do ano. É claro que isso afeta pontualmente as comunidades dessas enseadas, que ficam sujeitas a essa proliferação excessiva de algas por conta desses fatores, e elas reclamam com todo direito. Mas o restante (80% do corpo hídrico) está em boas e ótimas condições – explicou.

A situação da Praia do Siqueira é a mesma registrada em São Pedro, no bairro Mossoró, conforme denunciou a Folha na última edição impressa. Imagens enviadas por moradores ao jornal revelam trechos tomados por uma espessa camada de sujeira, onde é possível observar a água praticamente estagnada, contaminada por resíduos sólidos e com vegetação em decomposição.

– Além do sistema a tempo seco, outro fato muito importante é que nessa época do ano o calor é muito intenso: a água da lagoa fica muito quente e isso favorece o surgimento de algas – explicou Pimenta, revelando que um fato que vai possibilitar melhoria desses e outros pontos da lagoa, é a obra de requalificação das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) locais, que estão sendo elevadas ao nível terciário (onde o efluente final é água de reúso). 

Segundo Pimenta, a mudança vai fazer com que as estações passem a reter o nitrogênio e do fósforo, que hoje são despejados na Lagoa de Araruama, minimizando os problemas atuais. Mas a solução mesmo, segundo ele, só virá quando houver a construção de um emissário submarino.

Enquanto isso não acontece, a Prolagos segue com a obra de ampliação da ETE da Praia do Siqueira, que terá a capacidade média de tratamento aumentada em cerca de 50%. Os investimentos começaram a ser feitos em abril do ano passado. Em novembro a concessionária já havia concluído 60% da primeira etapa. Também recebeu dois equipamentos para o tratamento preliminar do sistema. Com mais de seis toneladas, 12 metros de comprimento e três de altura, eles são fundamentais para o início do processo de tratamento do esgoto. Na época, o coordenador de Engenharia da Prolagos, Luis Henrique Antas, revelou que no início deste ano a concessionária daria início à implantação de decantadores e tanques biológicos, ampliando o tratamento convencional.

Outro ponto importante para o andamento dessa obra começou a ser solucionado esta semana. Em entrevista à Revista Cidade, o secretário de Meio Ambiente de Cabo Frio, Jailton Nogueira, afirmou que a Prefeitura finalmente vai resolver um impasse gerado na liberação de um terreno para a ampliação da ETE da Praia do Siqueira. Uma reunião técnica sobre o assunto foi realizada nesta terça (21) na sede do governo municipal com a presença de técnicos da Prefeitura e da Prolagos.

Segundo Jailton, o prefeito Serginho Azevedo pediu celeridade no processo de licenciamento de um terreno que fica entre a Morada do Samba e a Estação de Tratamento de Esgoto da Praia do Siqueira. “Ficou decidido que vamos licenciar pelo município para ter segurança sobre possíveis compensações a pedir se a área tiver vegetação nativa. E, com isso, teremos a celeridade necessária para atender essa expansão ali no terreno ao lado”, explicou.

À Folha, a Prolagos confirmou que “já está em tratativas avançadas com a nova administração da Prefeitura de Cabo Frio, que é a responsável pela liberação do terreno que será utilizado para a próxima fase da ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto localizada na Praia do Siqueira”.