O historiador e escritor Elísio Gomes Filho vai começar 2025 com uma novidade literária: o lançamento de seu mais novo livro, “Naufrágios da Massambaba – Lendas e segredos revelados”. Após cinco anos de trabalho, a obra chegará ao mercado nos próximos meses
– Ele já está pronto, e antes de ser lançado no Palácio das Águias, em Cabo Frio, ficará na pré-venda no início do ano de 2025 pela Sophia Editora - revelou Elísio, que tem no currículo outras obras literárias como “História dos célebres naufrágios do Cabo Frio” (1993), “A tragédia do Magdalena” (1995), “Morte no mar” (1997), cujo foco é o desaparecimento em naufrágios de dois nomes consagrados da literatura brasileira (Gonçalves Dias e Manuel Antônio de Almeida), e “1501-1615, a conquista do paraíso dos Tamoios”, lançado em 2015. Neste livro Elísio defende que os portugueses chegaram em Cabo Frio em 1501 com Gonçalo Coelho, e não com Américo Vespúcio em 1503, recebendo o aval de duas importantes estudiosas da história portuguesa, através de seus prefácios, Manuela Mendonça, a então Presidente da Academia Portuguesa de História e o da Margarida Sobral Neto, Professora Associada com Agregação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Enquanto se prepara para o lançamento de mais um trabalho, Elísio também colhe os frutos de outra obra de sua autoria: “Sacadura Cabral – muito além dos oceanos” foi oficialmente disponibilizada no último dia 10 de dezembro no site da editora Atlantic Bookshop. Com 326 páginas, o livro também está disponível na Livraria Martins (em Portugal) e em breve chegará a várias cidades portuguesas.
De acordo com a Atlantic Bookshop, “a obra de Elísio, que detalha uma linha do tempo do nascimento ao desenvolvimento do avião nas primeiras décadas do século XX é, antes de tudo, a pintura de uma paixão que resultou numa ampla abordagem da dimensão histórica sobre o que ele diz ser a Era Gloriosa da Aviação, cujos eventos se entrelaçam com a vida e proezas do aviador português Sacadura Cabra”l.
Em entrevista à Folha, Elísio explicou que a escolha de Sacadura Cabral como tema desta nova publicação foi influenciada por suas raízes luso-brasileiras e pela admiração que herdou do avô materno, um português apaixonado pelas histórias marítimas e aéreas.
– Na verdade eu sou meio brasileiro e meio português. Sou primogênito do português Elísio Gomes da Silva e da brasileira Maria José Saraiva, filha de um português (José Saraiva Gomes) nascido em Lavos. Desde cedo tenho interesse pelos livros e pelas histórias do mar e do ar, influenciado pelo meu avô materno, e uma imagem que ficou gravada em minha memória é a dele discursando com entusiasmo sobre Sacadura Cabral e Gago Coutinho - contou.
O livro, segundo Elísio, combina pesquisa histórica com reflexões psicológicas do tempo em que Sacadura viveu, e de outros muitos protagonistas (inventores, projetistas e pilotos), além de sua relação com o desenvolvimento do avião e do hidroavião.
– Através desta obra, acredito que o leitor, além de conhecer Sacadura Cabral através da visão de minha alma luso-brasileira, também vai entrar em contato com um rico universo de outros personagens de fatos reais, de suas proezas aéreas e das paisagens em que ocorreram as suas conquistas aéreas, a exemplo do vasto Atlântico e suas ilhas, como as do Açores e da Madeira, em que se misturam vários elementos do início da história da aviação mundial. São muitas histórias e reflexões - contou o escritor.
Para compor a obra, Elísio disse que mergulhou em um intenso processo de pesquisa que incluiu jornais históricos de Brasil e Portugal, além de estudos acadêmicos e documentos raros. O trabalho, segundo ele, resultou na descoberta de muitas novidades.
– O livro conta, de forma muito contextualizada, a história de um aviador que surpreendeu o mundo em 1922 ao fazer a primeira travessia aérea do Atlântico Sul. É uma leitura de intensa imersão em temas interligados que abrangem poesia, guerras, cinema, amor, aventuras, dramas, sofrimentos, sonhos, tragédias e as emoções complexas de homens e mulheres que desafiaram a morte nos primórdios da aviação, e se entrelaçam como uma percepção caleidoscópica sobre a vasta e intrincada história da aviação e suas repercussões ao longo do tempo e do espaço - revelou Elísio, lembrando que a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, além de ter sido o auge da carreira de Sacadura, foi também um marco na aviação mundial.
Contar essa trajetória, no entanto, não foi um processo fácil. Segundo Elísio, foram vários os desafios entre a investigação dos fatos e o processo de escrita de toda a história.
– O trabalho do historiador é investigar, resumir, comunicar. Ao meu ver, o resultado da investigação precisa ter uma boa interlocução para que o leitor não acadêmico possa assimilar as particularidades das mensagens contidas ao longo dos capítulos do livro. O primeiro passo, muitas vezes, envolve lidar com uma abundância de notas e informações repletas de problemas devido à natureza e a origem das fontes pesquisadas. O segundo estágio na atuação do historiador é a de bem resumir, que se torna uma das tarefas mais desafiadoras. Em seguida, é necessário transformar essa informação abreviada em algo que seja compreensível e acessível ao leitor - explicou.
E nesse processo, Elísio revela que foi através do relato de um dos amigos do aviador português que teve acesso a informações valiosas sobre a personalidade de Sacadura Cabral. Hugo de Amarante (que segundo Elísio, pode ser um pseudônimo) escreveu uma longa matéria para o jornal “O Brasil”, intitulada “Aviação Trágica, Caiu a Águia”. O texto, publicado em 11 de dezembro de 1924, relata aspectos muito pessoais da personalidade do aviador português, que morreu naquele mesmo ano, no Mar do Norte.
– O último capítulo da obra sobre Sacadura Cabral é dedicado a entender o contexto e as causas que levaram à queda do Fokker T.III W 4146 no Mar do Norte na data de 15 de novembro de 1924. Com este acidente desapareceu um dos aviadores mais ilustres do primeiro quartel do século XX - explicou Elísio.