A Prefeitura de Cabo Frio inicia, nesta quinta (16), um levantamento das demandas estruturais para a reabertura do Teatro Municipal da cidade. O trabalho será acompanhado pelo secretário de Cultura, Carlos Ernesto Lopes, o Carlão, e por uma engenheira da Secretaria de Planejamento. O relatório final será apresentado ao Governo do Estado que, através da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, vai reformar todo o prédio.
Em conversa com a equipe da Folha, Carlão explicou que desde 2024 o prefeito cabo-friense, Serginho Azevedo, estava se articulando para firmar essa parceria caso vencesse as eleições municipais em outubro último.
– Toda a obra será bancada pelo Governo do Estado. A contrapartida para o governo municipal será a implantação de uma escola de teatro - explicou Carlão.
Antes mesmo da fazer o levantamento, alguns problemas já foram identificados: “a parte de iluminação não tem mais nenhuma fiação; todos os ar-condicionados estão danificados; a caixa cênica está com uma infiltração e foi condenada pelo Corpo de Bombeiros. Até mesmo o paliativo que fizeram embaixo das arquibancadas se perdeu”, enumerou o secretário de Cultura.
Além da parceria, outra novidade é que toda a área do entorno do Teatro Municipal deve receber um gradil. O objetivo, segundo Carlão, é reforçar a segurança do patrimônio público.
– Nosso teatro sempre recebeu peças, espetáculos de dança, musicais, seminários e uma série de outras atividades. Ou seja, há anos não fazemos mais nenhum tipo de política pública cultural no teatro. Essa obra será muito importante para que tenhamos nosso espaço de volta - comentou Carlão. O prazo para início das obras, no entanto, ainda depende do levantamento que será feito.
Inaugurado em 14 de agosto de 1997, e fechado desde janeiro de 2017 por problemas estruturais, o Teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb, em Cabo Frio, vem sendo alvo de uma extensa novela que ganha um novo capítulo a cada governo que entra. Entre os muitos problemas que impediam a reabertura do espaço estavam dívidas com a Enel e problemas estruturais que fizeram com que o prédio fosse interditado pelo Corpo de Bombeiros.
Em novembro de 2018 o espaço chegou a abrir agenda apenas para pequenas apresentações no foyer. Na época, a Prefeitura informou que o restante do prédio permaneceria fechado aguardando aprovação do projeto de reforma pelo Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, para que a licitação fosse aprovada. As melhorias, segundo o governo municipal, “atenderiam exigências do próprio Corpo de Bombeiros de Cabo Frio (18º GBM) com o objetivo de garantir a segurança dos trabalhadores da casa, dos colaboradores e do público”, e previam duas novas portas de saída de emergência, mudança do piso da plateia por outro que não inflamável, sinalização luminosa nas escadas para o público, aumento nas portas de emergência que já existem e troca dos extintores. A ideia era de que todo o processo levasse cerca de dois meses. Mas quase nada foi feito.
Em fevereiro de 2021 o teatro chegou a ser visitado pelo arquiteto Marcos Flaksman, autor do projeto original do espaço. A visita, que foi acompanhada pelo então prefeito José Bonifácio, teve o objetivo de avaliar todo o prédio, verificando inicialmente as revitalizações que serão necessárias para a retomada do funcionamento. Em julho do mesmo ano, a secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, esteve em Cabo Frio e se encontrou com o secretário de Cultura de Cabo Frio, Clarêncio Rodrigues. Entre algumas possibilidades, estava o apoio na revitalização do Teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb, inclusive com aquisição de equipamentos técnicos como iluminação, por exemplo, via leis de incentivo.
Também em 2021 a assinatura de um acordo entre a Prefeitura de Cabo Frio e a Enel devolveu a luz ao Teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb. Pelo documento, o governo municipal deveria quitar, em 36 parcelas, uma dívida de R$ 25.637.166,16 relativas ao fornecimento de energia elétrica em vários prédios públicos, durante os períodos de março de 2003 até dezembro de 2020.
Em 2022 houve uma nova promessa de reabertura do espaço. O empecilho da vez, segundo o governo municipal da época, foi o fato de que o Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico, protocolado para aprovação do Corpo de Bombeiros em novembro, havia caído em pendência. Em dezembro a Prefeitura afirmou que havia sanado as primeiras exigências, mas outras quatro teriam sido apresentadas pelos bombeiros. Desde então o teatro continua fechado sem previsão de reabertura.
