Seis anos se passaram, com promessas e anúncios de reabertura, mas as portas do Teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb, em Cabo Frio, continuam trancadas a sete chaves. A paciência acabou. Diante de mais um atraso na entrega do espaço cultural, a Folha dos Lagos lançou a campanha #euqueroteatro, com o objetivo de sensibilizar as autoridades sobre a urgência do espaço para a Cultura cabo-friense. Profissionais do segmento participaram de vídeo postado no Instagram do jornal (veja abaixo).
O diretor de teatro José Facury, integrante do grupo Creche na Coxia, entende ser um "absurdo" a demora de seis anos para conclusão da obra.
— Vocês não sabem o que é ficar seis anos sem o Teatro aberto recebendo espetáculo de dança, de música, de teatro, discussões científicas, discussões culturais, oficinas de várias áreas. Crianças, estudantes, escolas de arte ocupando espaço e formando plateia, que é de vital importância para a sabedoria da região. Estamos há seis anos com o teatro fechado. É preciso que as autoridades do município arregacem as mangas, resolvam todos os problemas possíveis, porque uma obra que está demorando seis anos é um absurdo — afirma o diretor de teatro José Facury, integrante do grupo Creche na Coxia.
O produtor cultural Lucas Müller destacou que o teatro "gera emprego e renda" para a cidade.
— O lúdico também alimenta a alma das pessoas. Já tem três gestões, e até hoje o teatro continua fechado — disse.
A memorialista Meri Damaceno seguiu o coro:
— Não dá mais para ficar sem teatro. Temos que tomar posse do que é nosso. O teatro é nosso agora, sempre, pra sempre.
Já o professor de dança Allan Lobato pediu que a campanha seja abraçada por todos.
— Por favor, abrace a nossa campanha.
Mais uma reabertura adiada
Fechado desde janeiro de 2017, o Teatro Municipal Inah de Azevedo Mureb, em Cabo Frio, não será mais reaberto ao público em junho deste ano. Agora, a nova previsão é para o segundo semestre de 2023. Após meses de questionamentos, nesta quarta-feira (12) a Prefeitura informou à Folha que o Projeto de Segurança Contra Incêndio e Pânico, protocolado para aprovação do Corpo de Bombeiros em novembro do ano passado, vem caindo em constantes pendências que vão adiar, mais uma vez, o sonho de artistas e moradores em ter o espaço novamente aberto ao público.
Segundo o governo municipal, o projeto foi protocolado no Corpo de Bombeiros, em novembro do ano passado, com previsão de resposta até março deste ano. Em dezembro, no entanto, foram apresentadas as primeiras exigências.
Após o atendimento de todos os itens, a Secretaria Municipal de Cultura protocolou o projeto novamente na segunda quinzena de março deste ano. O Corpo de Bombeiros respondeu na última segunda-feira (10) apresentando quatro novas pendências que já foram sanadas. O projeto será reenviado para aprovação nos próximos dias. O prazo para a conclusão de todos os trâmites, no Corpo de Bombeiros, é de 90 a 120 dias, informou a Prefeitura em nota.
Esta, no entanto, não é a primeira vez que a Prefeitura tenta aprovar o projeto junto aos bombeiros. Em 2019, durante o governo do ex-prefeito Adriano Moreno, também houve uma tentativa que gerou pendências. No entanto, segundo o secretário municipal de Cultura, Clarêncio Rodrigues, revelou à Folha em dezembro do ano passado, o governo anterior não enviou o cumprimento das exigências solicitadas.
— O prazo para a entrega expirou na época e nos colocou nesta situação. Por isso houve a solicitação de um novo projeto, atualizado — contou Clarêncio.
Batizado de Teatro Inah de Azevedo Mureb, o espaço foi inaugurado em 14 de agosto de 1997. Entre os muitos problemas que impedem a reabertura do espaço, estava a falta de energia elétrica. Segundo o governo municipal, a questão foi resolvida em outubro de 2021 com a assinatura de um acordo com a Enel. Pelo documento, o governo municipal se comprometeu a quitar, em 36 parcelas, uma dívida de R$ 25.637.166,16 relativas ao fornecimento de energia elétrica em vários prédios públicos, durante os períodos de março de 2003 até dezembro de 2020.
Tão antigas como as dívidas com a Enel são as promessas de reforma e reabertura do espaço. Em novembro de 2018 o teatro chegou a abrir agenda apenas para pequenas apresentações no foyer. Na época, a Prefeitura informou que o restante do prédio permaneceria fechado, aguardando aprovação do projeto de reforma pelo Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, para que a licitação fosse aprovada. As melhorias, segundo o governo municipal, “atenderiam exigências do próprio Corpo de Bombeiros de Cabo Frio (18º GBM) com o objetivo de garantir a segurança dos trabalhadores da casa, dos colaboradores e do público”. Estavam previstas duas novas portas de saída de emergência, mudança do piso da plateia por outro que não seja inflamável, sinalização luminosa nas escadas para o público, aumento nas portas de emergência que já existem e troca dos extintores. A ideia era de que todo o processo levasse cerca de dois meses. Mas, até hoje, tudo continua como em 2018.