De orgulho nacional a objeto de dúvidas cada vez mais sólidas e freqüentes, a urna eletrônica segue seu caminho para mais uma eleição. A recente notícia de que elas não serão testadas publicamente ajudou a aumentar o clima de desconfiança. Num país no qual até bem pouco tempo ninguém fazia a menor ideia de como dados sigilosos (até mesmo do gabinete da presidenta) ia parar nas mãos de particulares ou do governo americano, o excesso de confiança por parte do governo nos sistemas de votação, transmissão e contagem não parece uma postura adequada.A recente história da informática já tem sólidos exemplos do que hackers podem fazer, inclusive, nos sistemas mais protegidos do mundo. Ainda assim, devemos lembrar que a urna é um hardware. Ela precisa ser programada, receber os dados e aí a mão do homem pode fazer toda a diferença. Uma coisa é certa, cada vez mais os números das eleições costumam bater com as pesquisas e com as quantidades de votos esperadas pelos “candidatos das cartas marcadas” em praticamente todas as esferas políticas. Mágica? Coincidência? Competência quase paranormal dos institutos de pesquisa? Sei não... Tenho minhas gigantescas dúvidas.Uma idéia simples que vem sendo disseminada é o da urna emitir uma espécie de recibo eleitoral, constando ali os dados do eleitor e da sua escolha, para que seja depositado numa urna convencional a parte. Fácil não? Obviamente que sim. Resta saber por que não se coloca a famosa urna eletrônica a prova, numa experiência como essa.Enquanto isso a gente vai fingindo que acredita que a urna é inviolável e a prova de corrupção. Logo aqui no país, onde o processo eleitoral, na prática, é visceralmente dependente da mais ampla e deslavada corrupção.Tentamos acreditar que essa caixa preta vai resguardar o nosso direito de escolha.
Crença naquilo que não vemos nem podemos provar.
Desse modo, votar é um ato de fé.