Sim, saudade de uma festa, de uma bagunça, da alegria compartilhada na multidão. Saudade de um rastapé, de um samba e de um bailão. A alma brasileira é festeira e já nasce sabendo celebrar. Se tem uma coisa que a gente sabe fazer é festa. Somos intensos, comemoramos até o ‘bom dia’ e somos felizes assim. Mas um convidado penetra acabou com a nossa festa. Nos fez desligar a música, guardar os instrumentos e mandou todo mundo para casa para começar seu próprio evento. Um evento que marcaria a história da humanidade.
Fique em casa, ele disse. E ficamos, foi necessário. Sentados no sofá, nós aguardamos. Por trás das máscaras, nós esperamos. Por um ano inteiro, ansiamos pelo momento de colocar nosso bloco na rua. Mas, sem perspectiva, nos adaptamos. A energia acumulada em cada um de nós não poderia mais ser contida pelas paredes dos apartamentos. E voltamos a celebrar, sozinhos, porém juntos. Cantamos nas janelas, dançamos com o cachorro e fizemos uma festa ainda maior. Criamos, pintamos, cozinhamos, gravamos, trabalhamos, aprendemos e reaprendemos. Uma enorme festa que transbordava das janelas e inundava as ruas desertas das cidades. O que estávamos celebrando? O simples fato de poder respirar já era motivo para comemorar. Então celebramos a vida, todos os dias.
E, percebendo que a vida não “vai ser” mas “está sendo”, passamos a fazer festa para os eventos cotidianos. De norte a sul do país, os pequenos espetáculos diários, que eram abafados pelo barulho dos passos apressados e ignorados pelos olhos nos celulares, passaram a ser celebrados. A aquarela no céu, as cores do mar, a brisa com cheiro de maresia, a textura da areia nos pés descalços. Isso, o cabo-friense conhece muito bem. E passamos a olhar com atenção para essa cidade, que pulsa de vontade de ser celebrada, degustada, sentida. Cabo Frio é sensorial. Suas experiências oferecem muito mais do que dias de sol e pés na areia. Quem caminha pelas ruas de pedra do bairro da Passagem é conduzido em uma dança ao som da história que passou por ali. Os fantasmas escondidos nos cenários bucólicos e nas fachadas tombadas cantam a memória presente de um tempo passado. E no meio dessa dança, somos levados a imaginar a história que está por vir.
Quais novos sabores iremos experimentar? Quais novas músicas que iremos dançar? Quais novos caminhos vamos seguir? Novos cheiros, novas cores e novas experiências nos aguardam enquanto esperamos pelo momento de brindar o presente do amanhã.