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Procura-se um amigo

21 março 2022 - 14h06

Procura-se um amigo que saiba ouvir, que leia o olhar e interprete o sorrir. Que em silêncio mande embora
o medo, guarde segredos e, se possível, aconselhe.

Procura-se um amigo que partilhe amor, alguém forte, corajoso e que jamais recue, ao mínimo sinal de dor.

Procura-se um amigo que ande junto, segure firmemente as mãos. Amigo leal, verdadeiro, que interprete o descompasso de um teimoso coração.

Procura-se um amigo que tenha história e se orgulhe dela. Dos seus erros e acertos, das idas e vindas. Amigo que saiba o que é deixar a própria zona de conforto sem muitas opções. Que fale das suas memórias, que se orgulhe da própria história, por entender que o exemplo alicerça a construção.

Procura-se um amigo que faça da voz um abrigo, como a calmaria do mar, deixando a tempestuosidade, serenando
em gratidão à oportunidade, de conseguir ajudar.

Você conhece alguém assim? Alguém que amanheça ao lado, disposto a secar tais lágrimas que a ausência pode
causar... Alguém que se faça bálsamo e valide a existência, sem nunca, jamais recuar?

Se conhece, manda o endereço, com uma certa urgência. Tal dor é da humanidade, que chora por solidão, mesmo
vivendo em sociedade. Contraditório, fato. Este é um triste relato de quem vive ao nosso redor. Sorrisos por trás
das máscaras, gritos presos no peito, causando taquicardia, ansiedade e depressão. Dor das pessoas anônimas,
que andam vagando nas ruas, não reconhecendo a essência do próprio coração.

Há uma placa em mim, estampada em letras garrafais. Ela diz o quanto amo cada ser, cada história, e que me importo com seus ais.

Você conhece alguém assim? Já se sentiu sufocado, sem voz, podendo falar? Precisa desabafar? Olhe ao redor, em volta, nas ruas da sua cidade, há clausuras do “eu”, pessoas gritando socorro, querendo ecoar a voz silenciada pelas circunstâncias. Procura-se um amigo que sorria de volta sem pedir nada em troca. Você conhece um amigo assim?

Talvez um vizinho seu, aquela pessoa querida, dentro da faculdade, talvez da cidade vizinha, quem sabe dentro do seu lar. Alguém pra chamar de amigo, alguém que se faça abrigo, que acolha no coração. Não precisa falar tanto, mas que tenha a
sensilidade de perceber o olhar do outro, precisando de intercessão. Você conhece um amigo assim?

Bom dia Região dos Lagos. Bom dia, Cabo Frio. Afetuoso abraço.

*Viviane de Cássia é integrante da ALACAF - Academia de Letras e Artes de Cabo Frio.