Donald Trump, na semana passada declarou que em seu governo, as leis de imigração iriam ficar ainda mais restritas para aqueles países que ele denominou de “Shithole Places”. Em português bem popular, a expressão significa “um lugar de merda”. Trump referia-se a países como o Haiti e a África.
A declaração evidentemente, gerou uma torrente de protestos em todo o mundo. Não foi a primeira vez que Trump usou deste tipo de expressão para referir-se a países que ele julga inferiores aos Estados Unidos. Também não será a última vez que ele fará isto.
O que explica este tipo de comportamento do Chefe de estado do país mais poderosos do mundo? Simples, Twitter, redes sociais. Elas são os novos canais de comunicação que os políticos possuem com os seus eleitores.
Quando o assunto é “governo”, em todo o mundo, e não só no Brasil, as pessoas falam de ineficiência, corrupção e distância. Seja nos estados Unidos, na Suécia, no Brasil, a imagem do “governo” é sempre descrita pela população como algo ruim.
O Twitter foi a primeira rede social a inaugurar um canal de comunicação de via dupla entre o político e seus eleitores/seguidores. Isso foi uma inovação do governo Barack Obama que Donald Trump segue religiosamente.
O Twitter permite que o político entre em uma conversação direta com seus eleitores, sem mediações. Quando era governador da Califórnia Arnold Schwarzeneger foi interpelado em sua conta por uma moradora de São Francisco que lhe perguntou o que ele, pessoalmente estava fazendo para cortar despesas. Imediatamente, “Arnie”, como é conhecido na Califórnia respondeu que não mais recebia seu salário de governador, dirigia o seu próprio carro ( um utilitário Hummer) e tinha cortado mais da metade de seus funcionários.
O que isso tem a ver com a polêmica declaração de Trump? Ele fala este tipo de coisas, não por um destempero de seu caráter, mas por uma conduta que está lentamente tomando conta do mundo político. O homem público, cada vez mais é “seguidor” da moral da multidão. As redes sociais transformaram-se em um termômetro muito mais preciso do estado moral de seus eleitores do que pesquisas de opinião. São também formas muito mais baratas de estar em contato com aquilo que realmente pensam seus eleitores.
Eu mesmo já me dei ao trabalho de “seguir” Donald Trump e suas declarações de 140 caracteres. Seu comportamento flutua ao sabor do humor dos eleitores, muitas vezes buscando antecipar-se à reação deles.
O caso de Trump é apenas exemplo de fenômeno muito mais amplo e complexo que é a maneira como os políticos estão aprendendo a lidar com as redes sociais. Mudando de galho, mas permanecendo na mesma árvore, esta parece ser a grande tendência das eleições de 2018. Políticos estão aprendendo a lidar com este novo instrumento, as redes sociais. Enfatizo o verbo “aprendendo”, pois até mesmo para eles, não é algo simples de lidar.
O sucesso da campanha de Jair Bolsonaro, na minha opinião, é o mais evidente exemplo disto no Brasil. Mas sobre ele e a maneira como usa as redes sociais vou escrever um pouco mais na próxima coluna.