Quem tem medo de vaias e manifestações? O Partido dos Trabalhadores e a presidente Dilma, com certeza. Não que seja diferente o comportamento de quem quer que esteja no poder, isso é claro... Porém por trás da imagem de firmeza e até um certo desdém, mora um profundo e evidente medo. Há pouco mais de um ano as multidões ganharam as ruas. Um movimento difuso, mas consistente. Meteu medo. Temia-se pela copa. O que foi feito? A construção ruidosa de um super aparato de repressão, tanto legal quanto policial e material.
A copa chegou e as manifestações diminuíram. A repressão, ostensiva e preventiva deu certo. Não que o ímpeto dos manifestantes tenha diminuído. Ao contrário, elas continuam a ganhar as ruas a despeito das notas de pé de página da mídia doméstica. Entretanto, o principal legado da copa mais superfaturada de todas as copas será justamente esse esquema de repressão, que está a espera de uma retomada dos atos assim que o torneio acabar. E o trabalho é tão perverso, que nos lembra os tempos de chumbo, com suspeitos fichados, vigiados e presos preventivamente. O que houve? A vítima histórica aprendeu a ser algoz?
Do mais isso só deixa claro que a presidente precisa desse título brasileiro. O PT precisa da seleção. Não é a toa que nas rodas a rejeição ao governo respingue nela. Parece que Dima toma o lugar de Felipão a cada jogo na imagem dos brasileiros. Com o ópio do título, quem sabe o povo esqueça como um passe de mágica de tudo que falta (para ele), e de tudo que sobra (a corrupção endêmica).
Uma coisa é certa. A presidente tem medo de vaias, de protestos. Se intimida. Seu passado de torturada (respeitável sob o ponto de vista histórico e político), evocado como quem desdenha de algo menor como uma vaia, não convenceu tanto assim.
Até porque ela fugiu do discurso de abertura do evento. Desqualificou o público das vaias. Os chamou de elite. Logo o PT... Que fez uma copa sob medida para a FIFA e... Para as elites! O povão acompanha pela televisão... Circo sem Pão.
Ficam duas questões no ar. A primeira é se a seleção de fato vai conseguir desassociar o aspecto esportivo do político... Mas isso não depende dela apenas. A outra é como o efeito copa vai se desdobrar nas eleições de outubro.
Enquanto isso... Viva o Brasil...