A criação do “Banco dos Brics” (conjunto de países que engloba o Brasil, a Rússia, a Índia e a China e África do Sul), o recém batizado Novo Banco de Desenvolvimento, parece ser uma ideia promissora. Apesar da fala diplomática da presidente Dilma, de que o FMI continuará sendo necessário, importante e coisa e tal, a realidade é que estamos diante de um progressivo deslocamento do eixo de poder no capitalismo mundial, uma busca de alternativas à predominância binária entre Europa e Estados Unidos.
Á exceção da China e seus mais de 9 trilhões de dólares do PIB, o Brasil é a segunda economia desse grupo, um pouco a frente da Rússia com 2, 246 trilhões de dólares do PIB. Contudo, a concepção desse novo projeto parece não ter obedecido a essa pura lógica nominal. A China ficou com a sede. O primeiro presidente é indiano. O Brasil preside o Conselho de Administração, a Rússia o de governadores e a África do Sul fica com a sede regional do Banco na África. Mesmo assim, resta saber se a locomotiva chinesa, com seu crescimento histórico de mais de 7% do PIB vai dar as cartas de fato...
Com uma regra de contingência de mais de 100 bilhões, o banco nasce com o potencial de financiar projetos de desenvolvimento nos países signatários e nos demais países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, que hoje necessitam de uma alternativa internacional de fomento.
Entretanto, se a infraestrutura é uma exigência sempre urgente, temos ainda um desafio maior, o de que traduzir esses investimentos em desenvolvimento de fato. Afinal, nossa condição econômica mascara problemas e deficiências logísticas elementares, assim como os tradicionais desafios nas áreas sociais. E tem mais, será preciso que os vultosos dólares escapem das malhas da corrupção, essa sim, a maior especialista em dragar recursos. Em especial, as quadrilhas e seus respectivos agentes políticos no Brasil e a máfia russa, demandam uma atenção toda especial. Os instáveis regimes africanos também.
Mas se a idéia vingar, fica o exemplo do que pode ser pactuado também entre os estados e municípios, na criação de bancos populares, bancos de fomento, enfim, transformar o crédito ou mesmo o investimento a fundo perdido, num mecanismo de promoção da qualidade de vida, do incremento produtivo e da emancipação econômica e social.