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Coluna

Freio de vida

19 dezembro 2024 - 16h53

No início dos anos 90 eu assistia e vibrava com Ayrton Senna pilotando. Ele era o único elo vivo entre eu e o automobilismo. Então, em 1994, quando o piloto brasileiro faleceu num acidente em Ímola na Itália, ficou claro que eu jamais acordaria num domingo para ver uma corrida de Fórmula 1.

Mas o corte não foi tão preciso. Às vezes eu ainda ligava a TV numa manhã de domingo. Foi uma esperança silenciosa totalmente destruída por Michael Schumacher, a engrenagem fundamental para que eu finalmente me despedisse do esporte.

De modo avassalador o alemão venceu os campeonatos de 1994 e 95. E depois se agigantou numa sequência espantosa de títulos entre 2000 e 2004. Schumacher era brilhante! Ousado, preciso e concentrado. Quebrou recordes e transformou-se numa lenda. Em contrapartida ofereceu ao automobilismo uma monotonia desgastante, na medida em que não havia competitividade. 

Em 2012 ele se aposentou de vez. Um ano depois foi esquiar nos Alpes franceses, ousou seguir por um trecho entre duas pistas, se acidentou batendo a cabeça numa pedra e desde então sua vida é uma charada. Em seu entorno familiar orbitam desavenças, intrigas, mentiras. Talvez tudo motivado pela fortuna acumulada. 

Paradoxalmente o heptacampeão mundial de automobilismo vive há mais de dez anos parado. Talvez numa cama. Talvez numa cadeira de rodas.

Embora ainda esteja vivo Schumacher padeceu da mesma vontade que guiava Ayrton Senna: o desejo de ir cada vez mais rápido. A diferença foi o destino cada um depois de parar.