A campanha da seleção brasileira feminina de futebol foi uma decepção. Taí uma frase crua, injusta e danosa finalizada pela surdez inclemente de um ponto final. Frase tão fácil de ser pronunciada que virou bordão nas ruas de concreto e nas redes virtuais. “As meninas nos decepcionaram!”, disse um. Outro arriscou insinuar que “dessa vez elas tiveram toda estrutura”. E ainda chegou um terceiro para beber café na padaria e dizer que faltou equilíbrio psicológico.
A mim, elas não decepcionaram! A tristeza de vê-las precocemente eliminadas, não me deixou perder o orgulho das jogadoras que estiveram representando o Brasil na Copa do Mundo de Futebol Feminino da Austrália e Nova Zelândia.
Estamos em 2023, no entanto foi apenas em 2004 quando René Simões, então técnico da seleção feminina, chegou à Granja Comary, em Teresópolis, que as jogadoras passaram a ter acesso à academia, campos e demais estruturas de ponta que eram disponibilizadas exclusivamente aos jogadores. Detalhe, esse sim decepcionante, foi que Simões teve que brigar junto à CBF para que os melhores espaços e equipamentos fossem usados nas preparações deles e também delas. Quer mais decepção, torcedor? As portas de vidro da academia ultra high tecnológica da Granja Comary, ficavam acorrentadas. De forma que as jogadoras e a comissão técnica ficavam feito crianças sonhadoras, com as mãos em concha olhando através do vidro.
E vamos decepcionar um pouco mais o torcedor que se decepcionou com o zero a zero diante da seleção jamaicana. O campeonato brasileiro feminino de futebol existe, organizado pela CBF, em moldes que bordeiam a versão masculina há apenas dez anos!