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“Bolsa Toga”: Nós Pagaremos Essa Conta!

O judiciário do Rio de Janeiro está prestes a dar um verdadeiro tapa na cara da sociedade fluminense. Os juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça aprovaram e agora pressionam a Assembléia Legislativa para fazer o mesmo, para que recebam a chamada “

11 setembro 2014 - 21h41

O judiciário do Rio de Janeiro está prestes a dar um verdadeiro tapa na cara da sociedade fluminense. Os juízes e desembargadores do Tribunal de Justiça aprovaram e agora pressionam a Assembléia Legislativa para fazer o mesmo, para que recebam a chamada “bolsa toga”. O projeto pretende retirar dos cofres públicos uma “ajuda de custo” de até R$ 7250 mensais, para custear a educação dos filhos dos juízes e magistrados até os 24 anos de idade.

Ou seja, uma classe que chega a ganhar de 20 a 40 mil reais por mês, considera justo que a sociedade pague um valor altíssimo, retirado dos cofres públicos, para custear o material escolar, educação privada nos melhores colégios e cursos da educação básica e superior dos seus filhos.

Há um silêncio sobre o caso e o temor é que a Alerj venha dobrar-se aos interesses do Todo Poderoso Judiciário, um dos poderes que merecia, no mínimo, o mesmo empenho investigativo das autoridades e a mais ampla cobertura das mídias acerca das suas condutas.

A pergunta é, por que os magistrados que tanto acreditam que a escola pública é o local onde os menores e maiores infratores podem ser recuperados e reinseridos socialmente (mesmo que ela não tenha a mínima estrutura para lidar com a progressiva infiltração do crime em suas salas) não colocam lá também seus brilhantes filhos e filhas? E mais, porque uma classe que já ganha salários dessa magnitude ainda se acha no direito de apropriar-se de somas que, podem chegar em 2015 a quase 180 milhões de reais? Ou seja, 180 milhões a menos para os filhos das classes populares, para o investimento da educação pública, dos que mais dela necessitam.

Você acha isso justo? O pedido para aprovação na Alerj foi em regime de urgência. Querem aprovar esse absurdo de maneira sorrateira e à revelia de um amplo debate público. Resta saber a posição dos nossos representantes eleitos. Aliás, é uma boa época para saber o que os eleitos pensam em fazer assim que a questão entrar na pauta de votação. Um deputado que aprovar esse tipo de absurdo tem muito a explicar para a sociedade. Rabo preso? Medo? Conivência? O certo é que nesse caso, o povo ficará de fora da festa e ainda pagará a conta, como de costume.

Esperamos sinceramente que essa vergonhosa proposta não seja aprovada. Quem sabe, uma proposta que venha a taxar os altos salários pagos nesse segmento para custear programas educacionais públicos em comunidades verdadeiramente carentes seja posta no lugar? Não seria muito mais justo?

Os meritíssimos já disserem o que desejam. Resta saber o que pensam as nossas excelências. E ao povão, reagir a esse absurdo.