Em 2024 a Universidade de Oxford (Inglaterra), uma das mais antigas do mundo, realizou uma pesquisa para eleger a palavra do ano. A escolhida foi “brain rot”, que significa “podridão cerebral”, sendo um termo utilizado para descrever o declínio cognitivo causado pelo consumo excessivo de conteúdos superficiais, principalmente aqueles oferecidos nas redes sociais.
O hábito de passar horas consultando o fluxo de conteúdos (Feed) de baixa qualidade ou supérfluos, na internet, tem provocado uma sensação de “apodrecimento do cérebro”, inibindo a potencialidade criativa em função da sobrecarga de informações. Identificada, principalmente entre os jovens, a expressão “brain rot” descreve uma sensação de confusão mental e letargia causada pelo consumo excessivo de informações simples, que estudos associam à perda de atenção, quadros de ansiedade e até mesmo depressão.
O termo é antigo e foi utilizado pelo escritor estadunidense Henry David Thoreau (1817 – 1862) no seu livro “Walden ou a maldade nos bosques”, onde o escopo foi uma crítica à tendência da sociedade em desvalorizar ideias complexas em favor das mais simples. Se ele vivesse nos dias atuais, ficaria escandalizado com o grau de dependência das pessoas com os meios digitais de informação e a qualidade do que é divulgado. Quando pedimos para uma pessoa efetuar uma simples operação de somar com mais de duas parcelas, podemos perceber a dependência que têm desses aparelhos ao vê-las recorrendo a calculadoras, celulares ou tabletes para calcular e encontrar a resposta. Numa linha inversa, lembro-me dos meus tempos de criança em que existiam aqui em nossa cidade os armazéns, chamados de “secos e molhados” (Tunico Ferreira, Jesus Valentim, Nazário, João Gonçalves). Ao efetuar compras os valores eram registrados em um caderno e no fim do mês, quando o devedor ia efetuar o pagamento, o dono do estabelecimento fazia uma cruz com o lápis ao lado das parcelas para a “prova dos nove” e somava quinze, vinte ou mais itens. Isto sim era capacidade mental, e nem precisava ter curso ginasial, o equivalente ao ensino médio hoje, para no final obter o resultado correto.
O assunto é amplo e de consequência mais profunda. No ambiente público, este apodrecimento cerebral atinge quase todos os prefeitos dos 5.565 municípios com suas respectivas Câmaras de Vereadores. De tanto serem “alimentadas” com informações politiqueiras e demagógicas, suas mentes não conseguem o mínimo de criatividade para levar inovação e modernidade para seus munícipes. Por isso vemos tantas leis inócuas, sem sentido, que já nascem com a sina da desobediência, tamanha sua inutilidade.
Nas organizações empresariais o fenômeno se repete, pois são poucas as ideias criativas e inovadoras que surgem. Prevalece a prática de copiar, de continuar fazendo o mesmo do mesmo, tal o grau de estagnação da mente. Um artigo publicado pelo renomado Newport Institute dos Estados Unidos, que reúne diversos centros dedicados à saúde mental, afirma que a sensação de “cérebro apodrecido”, está relacionada à sobrecarga de informações, na sua maioria sem utilidade, causando redução de produtividade, agitação e quadros de ansiedade. Constatamos isso ao verificarmos que os programas de televisão mais vistos são aqueles dedicados às notícias sensacionalistas, crimes, besteirol e fofocas, enchendo a cabeça da população com informações inúteis.
Albert Einstein (1879 – 1955), físico alemão, uma das mentes mais inteligentes em todos os tempos, certa vez disse: “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.