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Coluna

Ainda há muito a ser feito

18 outubro 2024 - 17h51
Costumeiramente ouvimos a frase "se melhorar, estraga", geralmente dita por pessoas que se contentam com uma vida mediana ou que até duvidam da possibilidade de conquistar mais do que aquilo já possuem. Gostaria de dizer que não aprecio essa ideia, pois ela é muito enganosa e problemática. Explico: diferentemente do que possamos imaginar, as coisas raramente atigem o seu ápice quando consideramos que elas (supostamente) alcançaram a maturidade.
 
Se olharmos com atenção, o próprio ser humano é uma eterna potência enquanto vivo. Apenas encerramos todas as possibilidades de mudança quando morremos. Se assim é em nossas vidas, porque seria diferente para os nossos projetos, conquistas e ambições? Por que aceitamos passivamente a ideia de que "se melhorar, estraga" enquanto entendemos que a vida está em contínuo movimento e constante mudança?
 
Traçando um paralelo, lembro aqui de uma homilia de meu pároco, o Padre Júlio César (da Paróquia de São Domingos, em Niterói). Ao falar da caminhada do cristão na fé, citou um santo (Agostinho, seria? Muito provavelmente) que afirmava não haver meio-termo nessa área: ou você avança, ou você regride. É enganoso achar que alguém possa ficar estagnado na fé.
 
De igual maneira, podemos afirmar que também não há algo do tipo em nossas vidas. Ou os nossos projetos pessoais progridem, ou retrocedem e são engolidos pelo tempo. E assim é porque há inúmeros inimigos invisíveis (a inflação, a vaidade, os vícios e a concorrência, apenas citando alguns) que, a todo momento, fazem de tudo para corroer aquilo que já está minimamente edificado.
 
A vida exige um constante movimento de nossa parte, já que nos encontramos nesse estado de potência. Portanto, leitor, se um dia você pensar que atingiu o seu ápice, acreditando que agora tem o direito de fazer o que bem quiser (incluindo nada), lembre-se de que a sua caminhada não chegou ao fim. Pois se nem a água pode se dar o privilégio de ficar parada, por correr o risco de estragar, não contente-se em deixar de fluir e abrir seus caminhos.