QUEBRA TUDO
Joe Biden se pronunciou em defesa da quebra da patente das vacinas contra o covid-19. É claro que os EUA têm duas velas acesas, uma no altar humanitário e outra no econômico. É que para competir com a China, parada duríssima, é preciso que haja novamente patamares de normalidade. Já o governo brasileiro – que em outras eras bancou a causa dos genéricos – disse não. Nossa economia ultraliberal acredita que as relações comerciais dão conta do recado preservando as patentes. Só que na prática a teoria é outra e a vacinação não parece nada suficiente por aqui...
SEGURANÇA
A Câmara já votou e encaminhou ao Senado o projeto que substitui a anacrônica Lei de Segurança Nacional. Instrumento da década de 80, refletia uma cultura que remonta a todo o tempo e espírito do regime ditatorial brasileiro. O novo formato vai exigir também uma nova cultura. A garantia do Estado Democrático de Direito passa por comportamentos que, se já estivessem valendo, levaria algumas figuras ilustres para a cadeia (até porque a nova lei não exime nenhuma autoridade).
POSITIVO
Rodam apostas se até o dia 19 de maio teremos um exame positivo para Covid-19 para o ex-ministro Pazuello. Verdade ou artimanha, é nítida a preocupação do Planalto. Durante o depoimento do também ex-ministro Mandetta, os senadores governistas tentaram emplacar uma oitiva virtual. Seria um bálsamo para o governo, que poderia montar uma estrutura de apoio por trás das câmeras, sabe-se lá até com roteiristas, ponto eletrônico e teleprompter... Como não colou, parece que o jeito será o governo protelar ao máximo a ida do general, do jeito que der.
PASTELÃO
Aliás o comportamento dos senadores aliados ao governo durante as oitivas da CPI da Pandemia é algo digno de uma comédia pastelão. Tumultos, diversionismos, perguntas e ilações sem nenhuma coerência de factualidade e temporalidade. Estão ali apenas para um desesperado exercício de tumultuar o quanto for possível, desacreditar os testemunhos e a própria CPI e tentar a todo custo jogar os holofotes exclusivamente nos governadores e prefeitos.
PROTOCOLO
Há quem já tenha notado que a CPI é um exercício de protocolo. Nada do que foi revelado até agora é surpreendente. Todo o roteiro que nos levou à desgraça generalizada já está pronto, em exercício e bem divulgado (especialmente pelo próprio presidente). Portanto é só uma questão de juntar papéis e coragem.
BRANCALEONE
A reação de Bolsonaro é tentar ser o mais Bolsonaro possível: acusação de fabricação do vírus pela China e a ameaça de um estrambótico decreto baseado no direito de ir e vir a despeito da legalidade das medidas restritivas em caso de calamidade sanitária. De quebra enquadrou o Congresso e mandatários (ameaçando com os Ministérios – leia-se – verbas para emendas e para os governos) e peitou abertamente o STF. Jogou para a torcida. Resta saber se o Congresso assume que está no bolso do Planalto, até onde governadores e prefeitos se inclinarão e se o Supremo vai cobrir a aposta.