DO PERU
Elisabeth Astete anunciou essa semana seu desligamento do cargo de ministra das Relações Exteriores do governo peruano por um motivo que, na nossa terrinha, seria inusitado: furou a fila da vacina. Inusitado porque nas bandas de cá jamais alguém das cortes do poder seria punido ou se sentiria constrangido pela prática. Ao contrário! Se a classe política já inventou uma variante da Covid-19, aquela que misteriosamente contamina e some na hora certa, imagina furar uma mera fila para tomar vacina escondidinho...
FATURA ABERTA
O centrão negociou e a conta chegou. Talvez o presidente tenha a percepção de que seus antigos pares tenham apenas uma goela e que ela seria pequena... Se pensa assim, pode ter problemas em breve. Nem o contorcionismo constrangido dos presidentes das casas legislativas esconde o que parece ser a compreensão geral: para cada fato, uma fatura. Melhor seria alguém assessorar melhor o presidente sobre a anatomia do poder.
TIROTEIO
Em plena pandemia e com tudo e mais um pouco dependendo da capacidade de produzir e distribuir vacinas, surge um questionável decreto presidencial cheio de regras para o libera-geral com relação às armas. Raspando a camada dos “bem intencionados” chega-se à verdadeira e mais profunda tinta: a dos que desejam armar-se para construir as milícias políticas que sonham com a utopia autoritária, intimidar os outros quando se acharem acima da lei e da ordem, defender privilégios imaginários, para sacar e atirar quando levar uma fechada ou batida de trânsito, ferir o parceiro ou parceira nas relações amorosas conturbadas, atirar no vizinho que incomoda... É só esperar e comprovar.
NÃO PODE
Antes que digam que o bandido pode andar armado, é bom esclarecer que isso é mentira. Não pode. O caminho é valorizar, modernizar, treinar, equipar e fortalecer as forças de segurança, um passo e tanto. E definitivamente não retroalimentar as estruturas de exclusão, violência e corrupção, responsáveis pela escalada dos problemas. Resolvido isso sobrará – aí sim – a índole. E ela será bem mais fácil de resolver...
PT
Enquanto aguarda por Lula, o PT dá a largada com Haddad. O PDT segue firme no projeto de ser o MDB das esquerdas, com uma figura do quilate de Ciro Gomes percebido muito mais pelas suas qualidades pessoais ou pelo folclore da “cirocracia” do que um quadro orgânico e ponta de lança de um grande arco político-partidário; e o restante das siglas ou embarcam ou caminham fiéis e solitárias. A direita também tem seus mares revoltos, mas na hora H tem mais experiência no atacado e no varejo político. E ainda tem a turma mitológica...
TROMBETA
Deputado preso por apologia à tortura, golpe e incitação à violência pessoal e institucional entre os poderes é apenas uma das trombetas que soam desde 2018. E isso é apenas o começo de um previsível e triste fim.