Ao completar mais um ano, a Folha dos Lagos merece nosso reconhecimento e homenagens. Durante décadas construiu uma relação de intimidade com a nossa população. Em várias rodas de amigos ou de trabalho, sempre foi algo comum um comentário aqui e ali sobre as notícias e opiniões do jornal. Mais do que isso, a Folha ocupou espaços importantes em nossa região (sobretudo aqui em cabo Frio), tornando-se protagonista em campanhas de solidariedade e em festividades que se tornaram marcos inesquecíveis da nossa cultura local.
Mas ainda é pouco. Há mais! A Folha nunca deixou de pensar a cidade. Isso exige coragem. O ambiente político nas regiões interioranas, não raro, é refratário a tudo o que não seja “sim, senhor”, habituado ao submisso compromisso do louvor em troca da permissão de compor a corte ou o entourage do poder. Na contramão dessa tendência, o jornal promoveu ciclos de debates, projetos como o “Verão” e o “Cidade Viva”, criou extensões dessas iniciativas na forma de participações em rádios e televisão. Construiu propostas sérias e obteve conquistas sólidas.
O jornalismo da Folha dos Lagos sempre se destacou pela ética e pela seriedade. Não são palavras vãs. Jornalismo ético é aquele que prima pela decência e pela virtude de reconhecer as pautas importantes para a sociedade. Seriedade, por sua vez, é o que permeia o processo de produção do periódico, o cuidado e o esmero na apuração dos fatos, da oportunidade ao contraditório, tudo isso transformado em notícia acessível, democrática e necessária.
Sempre foi um jornal de opiniões. Colunistas, editoriais, entrevistados. Deu voz às mais variadas tendências de pensamento, compondo um amplo panorama, favorecendo aqueles conhecidos debates e conversas nos cafés e nas rodas mais diversas. Transformou-se. Aliás, é um jornal que nunca se intimidou com as mudanças. Já foi diário, hoje é semanal e nesse percurso experimentou formatos e periodicidades. Hoje, inova e adota o tabloide e a sinergia com as redes sociais. Coisas dos tempos modernos.
Seja impressa ou virtual, a Folha mantém sua autonomia. Não se curva ao sensacionalismo e muito menos às fake news. Não é à toa que várias gerações de jornalistas e colaboradores a consideram uma escola. Por tudo isso, podemos considerar a Folha dos Lagos um patrimônio do nosso jornalismo. É história, é memória, é afetividade.
O que esperar do futuro? Não sabemos. Vozes apressadas já condenaram o formato impresso para o jornalismo. Enganaram-se. Outras apostaram todas as fichas no modelo de comunicação das redes sociais. Viram que não basta. Se a forma é incerta para esse futuro que se aproxima cada vez mais velozmente, ao menos sabemos qual será o tratamento com o conteúdo. E isso dá esperança.
Essa esperança é a de que as gerações do presente e do futuro em nossa região terão um espaço qualificado de informação. Terão um lugar de fala e um público exigente. Terão também eventos, festas, muita arte e cultura. Terão a Folha dos Lagos naquilo que sabe fazer de melhor.