Como se constrói um político? Há mais de uma maneira de responder essa questão. Em tempos passados, que se arrastam até o presente, o modelo coronelista era tido como receita. Ele era composto pela prevalência da figura masculina, com ar patriarcal, patrimonialista e violento. A confusão do público com o privado ora se mostrava pela pouca disposição em esconder a apropriação particular do erário, ora pelo comportamento explicitamente personalista nas decisões e, especialmente, nas perseguições aos adversários. Há nuances. O tipo coronelista também comporta o político que não viveu em sua vida nada que não seja um mandato ou um penduricalho na extensa máquina pública. Em ambos, importa menos o desempenho e as realizações, e sim o que for preciso para que esse meio de vida não se esgote e que seu “grupo político” tenha sobrevida. De todo o modo, são figuras autocráticas, autoritárias e, fora das peças de marketing, arrogantes e grosseiras. Velhos coronelistas, jovens coronelistas, futuros coronelistas...
Há o modelo populista. Aqui é preciso associar o carisma pessoal com a capacidade distributiva. Ou seja, por mais que exista o mesmo interesse dos coronelistas, é necessário, como se fala no jargão político, “ciscar para fora”. Assim, agrega quem almeja também um penduricalho.
Os ideólogos também são modelos de formação. Se por um lado é louvável um maior preparo teórico e uma sensibilidade genuína com as suas bases, por vezes se perdem em anacronismos, se fecham no delírio da pureza e se tornam tão autoritários e autocráticos quanto aqueles que julgam combater. Aqui prevalece a arrogância.
Os ingênuos são a derivação de baixo nível dos ideólogos. Sem substância, se agarram às bandeiras e barganhas de ocasião. No fim das contas, acabam vaidosos e creem que seus nomes são o que de mais revolucionário se produziu nos últimos tempos. Vendem ilusões e são cercados e dominados pelo que há de pior. Viram reféns.
Há os que manipulam os nichos. Desesperadamente. Para esse tipo, só o poder interessa, nem que para isso tenham que cometer disparates e atrocidades. Geralmente se vendem como novidade, como renovação, mas nada há de mais antigo e simplório. O estrago que causam costuma ser enorme, e não é por menos que esse é o segmento que mais flerta com absurdos como golpismos, negacionismo e neofascismo.
Existe uma boa escola política para eleitos e designados para cargos. A que cuida da preparação da pessoa pública e preza pelo respeito aos pilares da administração e da condução dos mandatos. Possuem preparo intelectual e conhecimento prático do fazer político. Sabem negociar, dialogar e construir. Querem realizar. Essa escola é a mais desprezada, mas é a que produz as maiores e melhores realizações. Infelizmente, só se reconhece sua natureza como enxertos, dentro dos modelos anteriores. E como plantas boas crescendo em meio a pedras e espinhos, isolam-se ou secam.
A escolha reside em ser mais do mesmo, piorar a mesmice ou desafiar ser a mudança necessária.